terça-feira, 2 de setembro de 2008

Shakespeare carioca


Rocco Pitanga - ''No morro existe muita gente do bem''

Rocco Pitanga vive um momento especial. Aos 28 anos, completados sexta-feira (18), o ator chega à marca de dez anos de carreira e em evidência. Na TV como o advogado Carvalho de Os Mutantes - Caminhos do Coração (Record), e no cinema em Era Uma Vez..., que estréia sexta-feira (25). Na história, ele é Carlão, morador do morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, que um dia é preso injustamente e, mais tarde, vira chefe do tráfico. De uma família de atores (é filho de Antonio Pitanga, 70, e irmão de Camila Pitanga, 31), Rocco também é pai de Amanda, 4, e Bruna, 3 - frutos de seu casamento com Cláudia Cunha, 40, ter-minado há dois anos. As filhas moram em Brasília com a mãe, uma saudade que o ator tem de administrar. ''Todo mês vou lá e todo dia falo com elas pelo telefone''. Viver Carlão remeteu ao passado de Rocco, que durante cinco anos viveu no morro Chapéu-Mangueira. A experiência o ajudou na preparação do personagem. ''Serviu para que eu não tivesse uma visão preconceituosa. No morro, existe muita gente do bem'', diz.


Como foi a preparação para interpretar um traficante?
A atmosfera do morro - do Cantagalo, na zona sul do Rio - me ajudou bastante. Também escutei muito MV Bill para poder me imbuir da raiva que Carlão sente.

Entre os 12 e 17 anos, você morou no morro Chapéu- Mangueira. De que modo essa experiência colaborou para este trabalho?
Se eu não tivesse vivido lá, acho que teria ido pela caricatura. Não me lembro de ter conhecido pessoas com os mesmos dramas vividos pelos personagens do filme. Talvez tenham passado por mim e eu não tenha sacado. Mas alguma coisa ficou registrada no meu inconsciente e foi importante quando comecei a rodar o filme. Depois de vê-lo pronto, Alexandre Rodrigues (de Cidade de Deus), veio falar comigo. Ele estava com sua esposa e os dois disseram que estavam emocionados porque aquela história era a deles.

Já foi alvo de preconceito?
Já. Aqui no Brasil existe preconceito racial e social. E a gente tem de saber se defender. Durante as filmagens de Era Uma Vez... houve momentos em que estava um pouco esculachado. Mal vestido, fui a uma choperia, de propósito, para ver o que ia acontecer. E fui um pouco maltratado.

Ainda mora com seu pai. O que tem de melhor em viver sob o mesmo teto que ele?
Acho maravilhoso (morar com ele). Mesmo quando era casado. E o barato é ter todas as regalias de filho. É poder chegar à noite e ter uma geladeira farta (risos)



Crédito: Contigo
Matheus Logan

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