quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Jorge Brasil critica Os Mutantes

O colunista Jorge Brasil, da Contigo fez duras críticas ao Os Mutantes, que em certo ponto de vista pode ser avaliada como construtiva e concordar com algumas frases ditas, porém em outro ponto de vista mostra que há críticas "erradas". Confira, e tire a sua própria conclusão.



A agonia de Os Mutantes

Sei que vou levar muita pedrada pelo que vou escrever. Mas preciso manter coerência frente à minha posição de comentarista de assuntos televisivos. Estou angustiado com a situação agonizante de Os Mutantes. É triste demais você se deparar com algo que vai morrendo aos poucos na sua frente. Bate uma sensação de impotência... É horrível! Não tem nada que se possa fazer para aliviar esse sofrimento. Pois essa é a situação atual de Os Mutantes. A novela da Record está moribunda, a um passo do ''outro lado da vida''.

Caminhos do Coração tinha uma trama vibrante, um tanto absurda é claro, mas era divertida e sem pudores. O autor, Tiago Santiago, não se importava em adaptar outras histórias, de se inspirar em personagens que já existiam e até usar temas bíblicos. O que ele queria mesmo era entreter o público. E muita gente embarcou em suas ''maluquices''. Gostando ou não, ninguém pode negar o trabalho hercúleo que os profissionais de efeitos especiais da Record executam com garra. O que os americanos fazem semanalmente em Heroes ou Lost, os brasileiros têm que executar diariamente. Imagine o que deve ser produzir um episódio de Heroes por dia? Pai do céu!


Loucura total
E tudo piorou quando Caminhos do Coração acabou e Os Mutantes entrou no ar. A quantidade absurda de seres poderosos que Tiago Santiago passou a colocar no ar deve ter enlouquecido os pobres profissionais da emissora paulista. O resultado, que já era meio tosco, ficou ainda pior. Mas nada se compara à qualidade do texto. Nos últimos meses, os diálogos se tornaram algo inominável. Tudo o que é dito em cena é pretensioso e politicamente correto demais. Se Os Mutantes fosse uma comédia, como Vamp (1992) e O Beijo do Vampiro (2002), talvez desse para rir dos reptilianos ou do figurino ridículo dos moradores de Agarta. Mas que nada. Tudo é levado a sério, o que torna as cenas tristemente engraçadas. A gente ri do absurdo.

É impressionante como Leonardo Vieira desaprendeu a atuar. Qualquer tentativa do rapaz em interpretar soa falso. Também seu personagem, Marcelo, é um chato de galocha. Bonzinho e sem conflito, ele não parece um ser humano de verdade. Com isso, atores reconhecidamente canastrões – como Babi Xavier, André Segatti, Taumaturgo Ferreira, Ingra Liberato e Victor Wagner – acabam se adaptando melhor a tanto besteirol.


Bianca Rinaldi salva a pátria
As cenas de luta continuam eficientes e Bianca Rinaldi vem conseguindo equilibrar bem a modorrenta bondade de Maria e o tempero malvado da Samira. Do elenco, apenas o pequeno Cássio Ramos, o veterano José Dumont e as talentosas Maytê Piragibe e Julianne Trevisol ainda imprimem alguma verdade às suas personagens.

Para piorar, Tiago precisou mutilar sua trama para que vários atores fossem escalados para outras produções da emissora. O que vai render sérios problemas aos diretores da série de Marcílio Moraes e da novela de Lauro César Muniz para tirar o ranço mutante de nomes como Gabriel Braga Nunes, Ângelo Paes Leme, Miriam Freeland, Tuca Andrade e Petrônio Gontijo, entre outros. Bons atores eles, são, vamos torcer para que tudo dê certo.

Acredito que, se Os Mutantes tivesse virado uma série, não estaria tão sem rumo. O excesso de personagens, os diálogos ruins e o elenco péssimo podem ser fruto do samba do crioulo doido que a história se transformou. Mas agora não adianta chorar sobre o leite derramado. Os Mutantes agoniza a olhos vistos. É uma pena! "




Matheus Logan

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