sexta-feira, 24 de outubro de 2008

SCRIPT: Pachola briga com Teófilo


CENA DE ARQUIVO. CASA DE TEÓFILO. EXT. NOITE

CENA 12. CASA DE TEÓFILO. INT. NOITE

ÉRICA ESTÁ DANDO AULA DE PORTUGUÊS PARA ÁGATA. LIVROS E CADERNOS ESPALHADOS PELA MESA. CLIMA BACANA DE PROFESSORA E ALUNA.

ÉRICA — As dificuldades com as exceções na língua portuguesa se resolvem com uma coisa bem simples: a leitura. Junto com o estudo da gramática é fundamental a prática da boa leitura para que se tenha um bom aproveitamento do uso da língua.

ÁGATA — Mas qual é a importância de ser assim tão boa e perfeita em Português? Na internet, hoje em dia, todo mundo escreve tudo errado, de propósito...

ÉRICA — O grande escritor Roland Barthes mostrou em seu livro “Aula” que a língua serve para demarcar quem tem educação, cultura, conhecimento, acesso aos códigos, e também mostra quem não tem nada disso. O uso da língua mostra se a pessoa é poderosa ou humilde. Conhecer e usar bem a língua é inclusive um modo de conseguir uma melhor posição social...

ÁGATA — Quer dizer que se eu estudar bem o Português, souber falar bem e escrever corretamente, posso conseguir um emprego melhor e um salário maior?

ÉRICA — Exatamente. Aliás, com certeza!

ÁGATA — Eu até gosto de estudar português, mais a parte de literatura e poesia, mas nunca achei muito interessante esta questão das regras cultas... Só que o que você falou agora faz sentido... Deu até vontade de escrever melhor, conhecer mais as regras...

SONOPLASTIA. BATEM NA PORTA

ÁGATA — Ué? Quem será?

ÉRICA — Cuidado. Pode ser algum mutante perigoso.

ÁGATA SE LEVANTA, VAI ATÉ A PORTA.

ÁGATA — Quem é?

PACHOLA — (DO LADO DE FORA) É o Paulo Pachola, pai do Vavá!

ÁGATA ABRE A PORTA.

ÁGATA — Pachola! Entra!

PACHOLA — Olá, menina Ágata. Como vão vocês?

ÁGATA — Pachola! Que surpresa! Érica, olha quem está aqui. O pai do Vavá.

ÉRICA — Como vai, Pachola? Há quanto tempo...

PACHOLA — Como vai, Érica? É um prazer rever as garotas que conheci durante a minha temporada na sede da Liga do Bem.

ÉRICA — Pois é, você saiu com o Vavá pra encontrar a Viviane, conversar sobre as crianças. Tá tudo bem com as crianças?

PACHOLA — Clarinha ainda tá desaparecida. Anjinha fugiu de casa de novo. Foi procurar a irmã.

ÉRICA — Ô meu Pai...

PACHOLA — Eu tô lá pra dar uma força, sabe como é... Tô com meu filhotinho Vavá, fazendo a segurança da casa... Casa em lugar deserto... é sempre bom ter um homem por perto, não é? (T) E estou aqui numa missão muito especial, muito delicada...

TEÓFILO VEM LÁ DE DENTRO COM CARA DE POUCOS AMIGOS.

TEÓFILO — O que é que esse traste está fazendo na minha casa? Quem deixou esse mutante infeliz entrar? Sai fora daqui agora mesmo, sua peste. Os mutantes perigosos, os violento, não deixam mais a gente em paz!

ÁGATA — Pai, pára com isso. Nós conhecemos o Pachola lá da sede da Liga do Bem. Ele é pai do Vavá, o menininho lobo que morou um tempo aqui em casa.

TEÓFILO — Num tô falando? Pai de menino lobo, da raça dos lobisomens. Os vampiros, os lobisomens estão tomando conta do mundo. Fora daqui, fora daqui, pai do lobo menino!

PACHOLA — (DURO) Vim aqui falar contigo e vou falar... E não me venha cheio de marra, com essa pose de maluco. Os problemas do maluco começam quando ele encontra um sujeito mais maluco do que ele. E se você vai tirar onda de maluco comigo, também vou tirar onda de maluco com você. Quer ver?

PACHOLA DÁ UM GRITO, FAZ UMA CARA DE MALUCO, COMEÇA A IMITAR UM MACACO. ELE FAZ DE UM JEITO TAL QUE TEÓFILO, ÁGATA E ÉRICA SE ASSUSTAM.

TEÓFILO — O que é isso, sujeito? O que é que você quer comigo? Tá de conchavo com os reptilianos, mutante depravado? Não tenho medo de você. Nem venha com ameaças.

PACHOLA — Não estou ameaçando ninguém. Vim aqui em paz ter uma conversa com você, Teófilo, o pescador mais cabeça dura da Vila Caiçara!

TEÓFILO — Minha cabeça não é dura nem meu cérebro pensa pouco. Não tenho nada para conversar com você. Não sou seu amigo, não sou teu parente, nem te conheço.

PACHOLA — (FIRME) Quero falar contigo sobre o Eugênio, o menino mais inteligente que eu conheço. Eugênio é um moleque branquelo, cheirosinho, com cara de fuinha, que tem um coração deste tamanho. Eugênio é o namoradinho da tua filha Ágata.

REAÇÃO DE ÁGATA. TEÓFILO FICA AINDA MAIS ALTERADO.

TEÓFILO — Minha filha não tem namorado. A Ágata é uma menina pura e aquele mensageiro dos mutantes fica ciscando em volta dela. Não quero saber da minha filha de conversinha com aquele garoto. Se ele me aparecer por aqui novamente vai levar uns cascudos.

ÁGATA — Pai!

PACHOLA — É sobre esses cascudos que eu vim lhe falar. A mãe dele, dona Viviane, uma mulher de muita fibra, muita pose, muita autoridade, me pediu para lhe avisar, Teófilo, que se o senhor encostar um dedo no filho dela, ela vai mandar ó... o senhor.

PACHOLA FAZ UM GESTO DE TESOURA COM OS DEDOS. TEÓFILO REAGE, COMO QUEM TOMA UM CHOQUE. REAÇÕES DE ÁGATA E ÉRICA, TAMBÉM CHOCADAS COM PACHOLA.

NA SITUAÇÃO,

CORTA PARA



Crédito: Tiago Santiago
Matheus Logan

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