CENA 9. CASA DE TEÓFILO. INT.DIA
ÉRICA FAZ CAFÉ, ENQUANTO CONVERSA COM ÁGATA. TEÓFILO, MAIS AFASTADO, ESTÁ OLHANDO PARA ÁLBUM COM FOTOS DELE, ROSANA, ÁGATA E AQUILES.
ÉRICA — Nem sei como agradecer você e seu pai por me acolherem na sua casa, Ágata... Tava preocupada, sem ter onde morar... Obrigada pelo aluguel do quarto, viu?
ÁGATA — Imagina, Érica, se alguém tem que agradecer aqui sou eu. Fico muito mais segura sabendo que tem mais um adulto em casa comigo... e você tem me ajudado tanto com o meu pai... Uma mão lava a outra, não é?
ÉRICA — É verdade. Fico feliz que eu também tô podendo te ajudar...
ÁGATA — Hummm.... esse cheiro de café é uma delícia... meu pai que adora...
TEÓFILO FECHA ÁLBUM DE FOTOS E SE APROXIMA DELAS, TRISTE. ÁGATA O RECEBE, FELIZ.
ÁGATA — Pai! (P/ ÉRICA) Olha aí, tá vendo, Érica? (ABRAÇA O PAI, CARINHOSA) Sentiu o cheirinho de longe, né pai?...
ÉRICA — Senta aqui com a gente, seu Teófilo. Vem tomar um cafezinho fresquinho...
TEÓFILO SENTA AO LADO DE ÁGATA. ÉRICA SERVE CAFÉ PARA ELES E PARA ELA E SE SENTA COM ELES.
TEÓFILO TOMA UM GOLE E PÁRA. COMEÇA A CHORAR MUITO.
ÁGATA — Paizinho... o que foi, pai?
TEÓFILO — O cheiro do café da sua mãe, minha filha...
ÁGATA E ÉRICA TROCAM UM OLHAR DE PESAR.
TEÓFILO — Queria tanto ter minha Zana de volta...
ÁGATA — Ô, pai... também queria que a mamãe tivesse aqui com a gente... (COMEÇA A CHORAR TAMBÉM) Não fica assim, por favor.
TEÓFILO — E o seu irmão? Onde é que tá o Aquiles? Me dá um aperto aqui no coração só de pensar no que pode tá acontecendo com o meu menino...
ÁGATA — Ele tá bem, pai... calma.
TEÓFILO — Como é que você pode ter certeza?
ÉRICA — Nós precisamos ter esperança que ele vai voltar, seu Teófilo.
TEÓFILO — E se não voltar?
ÁGATA — O Aquiles sabe se virar, paizinho. Ele tem super velocidade... se regenera de qualquer machucado... Ele vai ficar bem...
TEÓFILO — Já perdi minha mulher, não queria também perder meu filho...
ÁGATA — Não vai perder, prometo. E depois, a mamãe pode não ter morrido.
TEÓFILO — Como isso é possível se aquele vampiro desgraçado sugou todo o sangue dela?
ÉRICA — Desculpa, mas o senhor chegou a ver a sua esposa morta?
TEÓFILO — (PENSA UM POUCO) Não lembro.
ÁGATA — Na verdade, na época, a gente viu sim... e achou que ela tava morta... mas depois a gente descobriu que pode ser que não... Pode ser que ela estivesse só desmaiada, inerte, parecendo sem vida, por causa da mordida daquele vampiro...
ÉRICA — Então, pai! Quem sabe ela tá viva?! Um amigo nosso, o Marcelo, ficou meses desaparecido, dado como morto, mas ele tava vivo. Naquela ilha, tudo é possível!
TEÓFILO — Será? (FICA NERVOSO) Não! Eu não quero me iludir! Vai me fazer sofrer ainda mais. Vocês tão tentando me enganar... ou se enganar... A Zana... ela se foi! (COLOCA AS MÃOS NO ROSTO E CHORA FEITO CRIANÇA) Infelizmente, o amor da minha vida foi tirado de mim!
ÁGATA — Se isso aconteceu mesmo, pai... pode ter certeza que a mamãe tá bem... ela era uma pessoa tão boa... tão alegre... Foi pros braços de Deus...
ÉRICA — A morte é um caminho que todo mundo um dia vai ter que trilhar, seu Teófilo. Procure se lembrar das coisas boas que você viveu com sua esposa... Ela vai estar sempre ao seu lado.
TEÓFILO — O meu medo é que a Rosana tenha sido levada pelos reptilianos... (SE ASSUSTA COM A IDÉIA, NÃO TINHA PENSADO NISSO ANTES) Será possível? Será que foi isso que aconteceu?
ÉRICA — É possível sim. Pois não levaram o Guiga?
ÁGATA — Meu Deus! Mas... ai... queria tanto saber se a mamãe tá viva!
TEÓFILO — Mas se você mesma disse que viu... que ela tava morta, minha filha...
ÁGATA — Ela tinha sido mordida pelo Vlado... Pode ter virado vampira... Pode ter sobrevivido na ilha...
TEÓFILO — Você acha? Não me lembro direito... Minha mente tá muito confusa... Ela não foi enterrada?
ÁGATA — Foi... Em cova rasa... Se ela estivesse mesmo viva, ia conseguir sair, sem problemas...
TEÓFILO — Será, filha? Será que isso não é só uma esperança louca? Uma esperança vã?
ÁGATA — Não sei, pai, mas eu tenho uma esperança de verdade... de que ela esteja viva...
TEÓFILO — E se estiver viva? Por que nunca nos procurou?
ÁGATA — Ela pode ter sido levada pelos reptilianos como o senhor falou.
TEÓFILO — Pode, minha filha. Isso pode... Os reptilianos são uns abutres. Carniceiros.
ÁGATA — Não sei o porquê, pai, mas agora tô com uma intuição... uma intuição muito forte... de que a minha mãe não morreu... Alguma coisa dentro de mim me diz... que ela tá viva!
NA EMOÇÃO DE ÁGATA E TEÓFILO, QUE CHORAM COM SAUDADES DE ROSANA,
CORTA PARA
Crédito: Tiago Santiago
Matheus Logan
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