quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Programa 'CQC', a pequena Maisa, e Os Mutantes, se destacam na TV em 2008


RIO - A televisão brasileira ainda acredita que rir é o remédio preferido do telespectador – mas, em 2008, o desafio foi substituir o humor engessado pela sátira transgressora.

O espírito escrachado, que zomba dos dramas cotidianos e do culto às celebridades, entrou na programação da Rede Bandeirantes com o híbrido de humor e jornalismo Custe o que custar, ou simplesmente CQC – versão brasileira do argentino Caiga quien caiga, comandado pelo apresentador Marcelo Tas.

O objetivo era inovar na aparência física dos apresentadores e no conteúdo moral. Virou hit brasileiro.

– Tem que haver ousadia sem subestimar a inteligência de quem assiste – atesta Tas.

– Apostamos no cara que não engole coisas prontas. O humor mudou muito, mas a TV ainda entrega ao público muito menos do que ele realmente quer.

Outro fenômeno de risadas tem só 6 anos e atende pelo nome da Maisa Silva, a pequena contratada pelo SBT para apresentar o programa Sábado animado. O primeiro perfil da mocinha no Brasil saiu na capa do Caderno B, em março de 2008.

Famosa pela desenvoltura frente às câmeras, pelos bordões inigualáveis ou por ser uma das recordistas em vídeos do YouTube e comunidades do orkut, a apresentadora mirim vive sob vigilância cerrada da emissora – é uma figura tão difícil de ser entrevistada quanto o seu patrão.

Gerente de comunicação do SBT, Maisa Alves explica o porquê de tantos pedidos negados.

– Não se trata de proibição, e sim de preservação de imagem. Maisa tem apenas 6 anos e o SBT, juntamente com seus pais, resolveu adotar a estratégia de preservá-la até o momento correto de exposição.

O enigmático olhar de ressaca de Capitu foi outra boa surpresa na TV. A personagem do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, saiu dos livros e ganhou uma nova estética pelas lentes criativas do diretor Luiz Fernando Carvalho.

Parte do projeto Quadrante, a série que leva o nome da personagem, mergulhou em diversas cores e figurinos peculiares para refletir a multiplicidade e as inúmeras interpretações que cabem na obra do Bruxo do Cosme Velho.

Além de buscar quebrar o entendimento obtuso dos jovens em relação ao clássico, a produção foi um pouco além das páginas do clássico, ao mostrar a própria necessidade do diretor de refletir sobre as peculiaridades de cada ponto do país.

– Eu me agarrei à literatura para atravessar o Brasil. Os autores, com suas contradições e pontos em comum, conseguem dar uma visão geral do país – explica Carvalho.

– Capitu, em especial, é uma sensível reflexão sobre as inúmeras facetas da alma humana.


Trama mirabolante
As surpreendentes facetas humanas foram justamente o tema da elogiada novela A favorita, escrita por João Emanuel Carneiro.

O folhetim provocou muita polêmica a partir do mistério entre Donatela (Cláudia Raia) e Flora (Patrícia Pillar), duas amigas de infância que se tornaram rivais após a morte de Marcelo, marido da primeira.

Mesmo depois de Flora ser apresentada como a verdadeira assassina, a trama ainda provoca diferentes interpretações no telespectador e chegou a ter picos de 51 pontos de Ibope.

A boa audiência também bateu à porta da Record, que exibiu Caminhos do coração. O sucesso da novela fez a emissora apostar na realização de Os mutantes, que alavancou 24 pontos no Ibope, sua melhor estréia de novela de todos os tempos.

A trama gira em torno de mutações perigosas se espalhando pela sociedade, transformando homens e mulheres em vampiros, felinos e lobisomens.

Sobre afetos e reencontros é a trama de Queridos amigos, minissérie da TV Globo escrita por Maria Adelaide Amaral a partir da adaptação de seu livro Aos meus amigos, com direção de Denise Saraceni.

A história se passa em 1989, a partir da idéia de Léo (Dan Stulbach), que ao se descobrir doente quis reencontrar seu antigo grupo de amigos. Denise conta que a idéia da produção era focar em algo intimista, refletindo sobre todas as mudanças vividas naquela década.

– Acho importante voltarmos a olhar para dentro de nós. Nos anos 80 estávamos mais acostumados a fazer isso, era uma época em que precisávamos dessa reflexão – avalia a diretora.

– Foi um período de mudanças político-econômicas que interferiram na vida da sociedade aqui e no mundo, o fim da ditadura, a queda do muro de Berlim. Uma mudança de ponto de vista, um momento de readaptação.




Crédito: JB Online (editado)
Matheus Logan

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