quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

SCRIPT: Maria Clara Machado, a dama do teatro brasileiro

CENA 4. ESCOLA DE TEATRO. INT. DIA

CAM. MOSTRA NEWTON E ALUNOS. DANILO NO MEIO DELES. BENÉ OBSERVA.

NEWTON - Eu quero propor um exercício pra todo mundo. É o famoso exercício da árvore, da Maria Clara Machado.

DANILO - Que tudo! Maria Clara Machado! Sabia tudo de Teatro! Adoooro!

A FALA DE NEWTON É ENTRECORTADA POR TAKES DOS ALUNOS FAZENDO O EXERCÍCIO. PODE SER MEIO COREOGRAFADO PARA FICAR AINDA MAIS BONITO, MAS COM CADA UM FAZENDO SUA PRÓPRIA ÁRVORE. UMA MÚSICA TOCANTE DA TRILHA EMBALA A CENA.

NEWTON - Eu quero que cada um de vocês, agora, imagine que é uma semente...

TODOS - INCLUSIVE DANILO E BENÉ - FINGEM QUE SÃO SEMENTES, ALGUNS EM POSIÇÃO FETAL, DE LADO, OUTROS EM POSIÇÃO FETAL DE JOELHOS, BENÉ DEITADO SOBRE A BARRIGA. DANILO NO CHÃO.

NEWTON - Uma pequena semente que foi plantada e, então, começa a germinar... Um pequeno caule surge da terra...

TODOS LEVANTAM MÃO, BRAÇO, DEDO, CADA UM NUM RITMO, LENTAMENTE. BENÉ ESTICA SÓ DEDO INDICADOR PARA O ALTO. OBS.: TODOS DE OLHOS FECHADOS, POR FAVOR.

NEWTON - Vocês vão crescendo aos poucos... Lentamente... Começam a brotar as primeiras folhas. O tronco, então, começa a crescer... crescer... erguendo-se do solo com suas raízes cada vez mais fortes...

TODOS LEVANTAM OS TRONCOS, CADA UM NUMA POSIÇÃO.

NEWTON - Os galhos começam a se lançar cada vez mais alto, procurando o vento, a luz do sol...

TODOS LEVANTAM OS BRAÇOS.

NEWTON - Sintam as folhas que brotam, as primeiras flores.

CAM. MOSTRA DEDOS.

NEWTON - Os primeiros frutos... Cada um de vocês agora é uma árvore frondosa... Sintam o vento batendo em suas folhas...

TODOS AGITAM OS BRAÇOS.

NEWTON - Agora, começa a chover... Sintam a chuva que molha a copa da árvore, escorre pelas folhas, desce pelo tronco... penetra no solo e alimenta suas raízes...

INSERIR EFEITO: GRAVAR À PARTE, O DETALHE: DANILO, DE OLHOS FECHADOS, COMEÇA A RECEBER PINGOS DE CHUVA, EM SUA IMAGINAÇÃO, NO ROSTO, E SORRI, DE OLHOS FECHADOS. OUVIMOS SEUS PENSAMENTOS, EM OFF::

DANILO - (OFF, SOBRE IMAGENS) Que maravilha! Tudo! Adoro! Que poder é esse? O poder da imaginação! O poder do faz-de-conta!

CORTA PARA


CENA 8. ESCOLA DE TEATRO. INT. DIA

CONT. NÃO IMEDIATA DA CENA 4 DO CAP. 138.

ALUNOS (FIGURAÇÃO), DANILO, BENÉ E MAGDA FAZEM O EXERCÍCIO DA ÁRVORE COMANDADO POR NEWTON.

OBS.DIREÇÃO: APESAR DE NÃO TER SIDO CITADA NAS CENAS ANTERIORES, VALORIZAR A PRESENÇA DE MAGDA, DESDE O COMEÇO DO EXERCÍCIO DA ÁRVORE.

CAM. VOLTA A NEWTON, E AO PLANO GERAL. OBS. NÃO HÁ CHUVA ALGUMA, OS TAKES DA CENA ANTERIOR SÃO FRUTOS DA IMAGINAÇÃO MUTANTE DE DANILETE.

NEWTON - Os anos se passam... Sintam o efeito do tempo sobre vocês... Vocês tiveram uma longa vida... Agora, a árvore começa a completar o seu ciclo...

TODOS COMEÇAM A SE CURVAR.

NEWTON - As raízes já não conseguem mais se segurar ao solo. Os galhos e troncos não resistem mais ao tempo... A árvore finalmente e bem lentamente tomba...

TODOS VOLTAM AO CHÃO, BEM LENTAMENTE.

NEWTON - A árvore se reintegra à natureza. E dá início a um novo ciclo de existência...

INSTANTES. FIM DO EXERCÍCIO.

NEWTON - Obrigado! Vocês foram ótimos!

DANILO - Adorei ser uma árvore. Pena que ela morreu...

NEWTON - Pois é, Danilo. Veja como o exercício do fazer de conta é poderoso. De repente, eu vi uma floresta na minha frente. Nossa mente é capaz de coisas incríveis. Mas também de nos aprisionar nas mais terríveis armadilhas. A armadilha do ódio, da cobiça, da guerra, da violência. Nós somos artistas. Temos o dom de encantar as pessoas e levá-las para um mundo de fantasia que nada mais é do que um reflexo do mundo em que vivemos. Precisamos usar a nossa arte como instrumento de paz. Mostrar ao mundo as conseqüências devastadoras da guerra, sem precisar viver a guerra, usando apenas o faz de conta. Temos que mostrar que a paz é o melhor caminho, conscientizar a população de que não precisa haver a guerra. Todo ser humano é carente, precisa do outro pra viver. E essa carência só é preenchida com o amor. O amor que está em nós, o amor que cada um tem em si. Todos nós estamos repletos de amor. Amor que às vezes nem sabemos que existe de tão grande e poderoso. Precisamos espalhar esse amor e compartilhar esse sentimento com aqueles que se sentem excluídos, que não se sentem amados e que por isso acabaram escolhendo o ódio pra se fazerem notar. Mas o ódio só vai destruir a todos. Eu acredito que é possível viver sem violência e quero lutar por esse ideal: um mundo sem guerras, onde todos vivam em paz, aceitando as diferenças porque são elas que fazem o mundo tão rico e este planeta um lugar tão encantador pra se viver. Viva a paz!

TODOS - Viva a paz!

NEWTON - Vamos terminar esta sessão com palmas pra Maria Clara Machado, que nos passou esse exercício do Teatro: o exercício da Árvore!

TODOS APLAUDEM.

CAM. VAI PARA CAROL, QUE ESPREITA.

CAROL - (OFF, SOBRE IMAGENS) Eu não tô resistindo... Meu Deus, que sede animal!

INSERIR EFEITO: DENTES DE CAROL CRESCEM.

NO SUSPENSE,

CORTA PARA



Crédito: Tiago Santiago
Matheus Logan

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