sábado, 31 de maio de 2008
Entrevista com Ítala Nandi, a Dr. Júlia
Desde que começou a gravar Caminhos do Coração como a cientista Júlia, Ítala Nandi não passa despercebida entre as crianças. Ao contrário do que imaginou quando leu a sinopse da novela, sua personagem atrai cada vez mais a atenção dos pequenos, que sempre lhe pedem poderes especiais.
"Não encontrei uma criança que não quisesse ser mutante", garante. Em sua segunda novela na Record, Ítala já se considera uma carta na manga de Tiago Santiago.
A atriz entrou repentinamente nas duas últimas novelas do autor. Primeiro, em Prova de Amor, quando Nathália Timberg não pôde interpretar a requintada Maria Eduarda. E agora, substituindo Fernanda Montenegro, para quem o autor escreveu o papel, sem êxito. "O Tiago sempre soube que eu me entrego mais ao teatro e ao cinema, mas estamos iniciando uma boa parceria na televisão", afirma.
Em Caminhos do Coração, você interpreta uma cientista que faz experiências em fetos humanos. Como tem sido a reação do público?
Logo que peguei a sinopse, achei que fosse gerar muita polêmica. E, é claro, algumas pessoas me param e criticam as atitudes dela. Mas estou surpresa com as crianças. Elas adoram a personagem! Sempre pergunto se elas gostariam de ser mutantes e até hoje ainda não encontrei uma que não quisesse.
A trama envolve uma discussão ética, mas o público infantil não atinge esse pensamento. Acho que isso tem a ver também com os rumos que a história tomou, cada fez mais fantasiosos.
Como foi o seu trabalho de composição para a novela?
Trabalhei em uma peça do Tiago Santiago chamada DNA - Nossa Comédia. Eu era uma cientista que estudava os transgênicos. Ali comecei a conhecer um pouco sobre genética. Antes de começarem as gravações, percorremos alguns laboratórios e nos informamos sobre os últimos dados das pesquisas de células-tronco.Isso me fez perceber que muitas coisas que a gente vê ali não são tão impossíveis assim.
Conheci cientistas com esse jeito sério e empenhado que a Júlia tem. E, além de tudo isso, o Tiago pediu para eu ficar loura. Parece que não, mas pequenas mudanças fazem diferença na hora de entrar em um personagem.
Os mutantes inicialmente não estavam na trama central da novela. Atualmente geram mais comentários que a própria trama policial. Você esperava essa mudança?
Vários fatores influenciaram para que isso acontecesse. Eu não ia fazer a Júlia, foi uma personagem escrita para a Fernanda Montenegro. Mas ela não aceitou e acabei entrando.
É claro que ali percebi que a sinopse sofreria alterações, até porque inicialmente seria um papel de um mês e o Tiago, ao me dar, pediu que eu ficasse até o final. Acho que o diferencial veio com esse tom de história em quadrinhos que a novela ganhou.
Tudo acontece rápido e isso acaba atraindo classes populares e o público infantil. Adoro esse estilo, porque foge ao que estamos acostumados a ver por aí. Não sou uma atriz de televisão, mas esse trabalho está me dando a mesma motivação de um bom filme ou uma boa peça.
Você estreou na televisão há 44 anos, mas essa é a quinta novela inteira da sua carreira. Faltaram oportunidades melhores?
Nunca planejei ser atriz. Tenho formação de contadora e trabalhava na administração de um grupo teatral quando me chamaram para substituir uma atriz.
Já tinha feito teatro na adolescência, mas só depois de casada comecei a trabalhar mesmo com isso, e sem correr atrás. Trabalhávamos produzindo os nossos espetáculos. Isso me fez preferir os trabalhos que eu podia comandar. A televisão não me dava isso. E fiz muitos filmes, trabalhava na divulgação deles.
Fiz mais televisão quando o cinema estava em baixa no país. Sempre preferi o cinema. Minha carreira na televisão poderia ter engrenado na década de 90, mas preferi investir na área acadêmica e desde então não parei de dar aulas e coordenar cursos universitários.
Essa é sua segunda novela na Record. O que a fez voltar para a televisão depois de tanto tempo?
Na época em que gravei Direito de Amar e Que Rei Sou Eu?, a Globo fez oferta de contratos longos, mas eu queria fazer outras coisas e achei que não era a hora.
Depois fiz Pantanal, na Manchete, mas a emissora não tinha esses contratos. Sem vínculo, pude escolher um pouco o que eu faria e o que não faria. Sempre trabalhei com o Tiago Santiago no teatro e ele mesmo sabia que não tinha tanta vontade de me prender a trabalhos longos. Mas a Nathália Timberg não pôde fazer Prova de Amor e substituí ela em cima da hora. No meio da novela me propuseram um contrato e, no final, acabei aceitando.
Minhas inquietações já passaram. E o barato de estar em uma emissora que tenta levantar sua audiência e atingir a liderança é que as propostas são sempre mais ousadas. Isso me diverte.
Fontes: Terra
Matheus Logan
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