Nas primeiras cenas que gravou como o Danilo de "Caminhos do Coração", Cláudio Heinrich vez ou outra era interrompido por Alexandre Avancini. O diretor pedia que ele repetisse a cena, só que de forma "menos gay". Como ainda estava em fase de preparação para o personagem, o ator atendia, mas, no fundo, ficava satisfeito ao perceber que estava convencendo como um homossexual. Tanto que ele garante que não demorou muito para encontrar o tom e fazer com que Danilo passasse longe da "caricatura", muito comum quando se interpreta um gay. "Eu tinha de 'soltar a franga' mas, ao mesmo tempo, o Danilo é um cara que ainda não 'saiu do armário'. Então, tive de dosar. Acho que consegui já nos primeiros capítulos", pondera.
A trama de Danilo, aliás, mistura ingredientes que vão do drama à comédia. Homossexual convicto, ele não pode "se assumir" porque, ambicioso, o jovem empresário sonha em comandar a empresa da família, a clínica Progênese, no futuro. Na sinopse inicial, aliás, consta que ele é um possível mandante dos crimes que rondam a história. "Ele acha que se contar sua opção sexual, perderá a credibilidade da família e diminuirão suas chances de comandar os negócios", pontua. Por isso mesmo, ele "contratou" Lúcia, vivida por Fernanda Nobre, para ser sua "noiva" diante dos amigos e da família. É quando entra a parte engraçada da história, já que a moça não nega ter um "queda" por ele. "Tem o lado sério dos conflitos, mas tem a parte cômica, com várias situações bem-humoradas", diverte-se.
Em sua segunda novela na Record - a primeira foi "Prova de Amor", em 2005 -, Cláudio se diz totalmente adaptado à emissora. O ator de 35 anos trabalhou por sete anos na Globo, onde começou a carreira com Paquito do "Xou da Xuxa", em 1986, depois seguiu em "Malhação", "Uga Uga" e "Coração de Estudante", entre outras. Ele confessa que sentiu uma certa apreensão ao trocar de casa. Mas a sensação foi rapidamente embora ao perceber os "pesados" investimentos da Record em teledramaturgia. "No primeiro dia de gravação vi como eles levam a sério, com profissionais competentes em todas as áreas. Estou muito feliz lá", reforça o artista, contratado até outubro de 2008.
Pergunta - Aonde buscou elementos para compor o personagem? Sua visão em relação à homossexualidade mudou de alguma forma?
Cláudio Heinrich - Conversei com alguns amigos gays, entrevistei outros desconhecidos e comprei a sitcom "Will & Grace" completa, que conta a história de um advogado gay que tem uma esposa de fachada e só depois se assume. Sempre convivi muito bem com os gays, nunca tive preconceito. O que mudou é que passei a entender ainda mais os problemas que eles enfrentam. Tem muito sofrimento, causados principalmente pela dificuldade que eles têm de receber a aceitação da família.
Pergunta - Você já recebeu muitas críticas em relação ao seu trabalho. Como lida com isso?
Cláudio Heinrich - Ninguém pode ser mais crítico do que eu mesmo. Sempre me assisto e, antes, ficava com raiva do que via. Agora, estou mais tranqüilo. Procuro me aprimorar e melhorar no que acho que não está legal.
Pergunta - Está previsto um beijo gay para o seu personagem?
Cláudio Heinrich - Acho que há chances de acontecer. Porque ele ainda não tem um parceiro fixo, só aparece dizendo que ficou com um "bofe escândalo" vez ou outra. Mas o terreno está sendo preparado, e eu torço para que aconteça. Acho que já está mais do que na hora. Vemos tanta coisa ruim na tevê, tanta violência... Por que não mostrar um beijo, que é o símbolo do amor entre duas pessoas?
Pergunta - E cantadas de gays? Recebe muitas?
Cláudio Heinrich - Alguns dizem que me dão casa, comida e roupa lavada. É engraçado. Mas para mim o melhor é quando amigos meus me contam que perguntam para eles se eu sou gay de verdade. É um elogio enorme.
Fontes: Uol
Matheus Logan
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