Miriam Freeland nunca escondeu que prefere as novelas de época. Mas, contratada da Record, tratou de dar um jeito de transformar o convite para Os Mutantes em algo que a motivasse tanto quanto retratar o passado na TV. Na pele da delegada Marta da trama de Tiago Santiago, aproveitou todo o universo fantasioso de mutantes e extraterrestres para aprofundar suas pesquisas. Além de, é claro, buscar saber tudo o que pudesse sobre o comportamento feminino dentro de ambientes quase que exclusivamente masculinos. Como é o caso do Depecom, o Departamento de Proteção e Controle dos Mutantes do folhetim. "Substituí minha busca por referências históricas de outros trabalhos pela procura de informações científicas e policiais que me ajudassem a pegar o bonde, que já estava andado e com sucesso", explica, já que não participou de Caminhos do Coração, que originou a atual novela.
Depois de cerca de 80 capítulos no ar, Miriam acredita que seguiu o caminho certo. Principalmente porque, às vésperas da morte de sua personagem na novela, nesta semana, conseguiu o que acha fundamental para o desenrolar da história: acreditar na mensagem que é passada no ar. "A história é uma fantasia e tem uma velocidade enorme. Se os atores não passarem credibilidade ao texto, a novela não vai convencer o público", analisa. Por isso mesmo, Miriam fez questão de assistir à série Heroes, que também explora mutações genéticas em seres humanos na TV. E também 24 Horas e The Closer, ambas com temática policial. "Procurei encontrar meios de interpretar uma delegada forte e competente, mas que mantém sua feminilidade. Não queria fazer estilo 'Joãozinho', com cabelo curtinho", valoriza.
Com a pressa na época da escalação do elenco da novela, Miriam precisou começar a gravar na mesma semana em que recebeu o chamado da emissora. E, por isso mesmo, poucas eram as informações que já estavam certas sobre a personagem. A atriz então aproveitou a correria entre o fim de Caminhos do Coração e o início de Os Mutantes para sugerir ao diretor Alexandre Avancini e ao colega de cenas Petrônio Gontijo, intérprete do vilão Fredo, alguns pontos que não ficaram claros do histórico do núcleo do Depecom. "Achei que seria bacana criarmos um clima de passado entre a Marta e o Fredo, por exemplo. Até para justificar ainda mais a rivalidade dos dois", exemplifica. E, pelo que se pode ver no ar, a sugestão foi aceita inclusive pelo autor.
Em sua terceira novela na Record, ela assume que em nenhum outro trabalho da emissora teve tanto retorno de público. Basta sair da Ilha da Gigóia, onde mora, na Barra, Zona Oeste do Rio de Janeiro, para ouvir dos fãs expressões como "cuidado com os mutantes" ou até mesmo "isso é que é delegada", cantada que alguns telespectadores arriscam. Um comportamento que não era tão comum quando encarnou a inconformada Mila de Essas Mulheres ou a maquiavélica Ruth de Bicho do Mato. "O bacana é que agora as pessoas não me enxergam mais como a 'atriz da Globo'. O público sabe que estou na Record e assiste mesmo à novela", conta Miriam, que estourou como a doce Candoca de O Cravo e a Rosa, a professora Beatriz, de Esperança, e a revolucionária Pagu, da minissérie Um Só Coração.
Aos 15 anos de carreira, Miriam lamenta ainda não ter feito na TV um tipo que planeja experimentar em breve: o de uma suburbana. A atriz, que cresceu no Méier, Zona Norte carioca, acredita que os constantes trabalhos de época de seu currículo construíram uma imagem de requinte e elegância que, segundo Miriam, não fazem parte de seu cotidiano. "Parece que eu sou sofisticada, mas é puro fingimento. É só para convencer no ar", brinca. "Tenho muito orgulho de ter crescido no subúrbio. As sutilezas que essas áreas têm são riquíssimas para a construção de determinados personagens", completa, justificando porque espera mudar de ares na teledramaturgia.
Os Mutantes - Record - de segunda a sábado, às 20h40min.
Artista nata
Miriam se apaixonou por arte ainda pequena, nas aulas de balé. E, aos 10 anos, disse para a mãe que queria ser atriz. Desejo atendido, a menina foi matriculada no curso Tablado, no Rio de Janeiro, de onde só saiu para começar a trabalhar. Ela lembra até hoje do momento em que recebeu seu primeiro cachê por um espetáculo teatral. "Não era quase nada, mas fiquei tão feliz por ser paga para atuar. Funcionou como um estímulo para eu correr atrás de outras coisas", recorda.
Foi exatamente isso que ela fez. Depois de alguns testes na Globo, conseguiu um papel no elenco de apoio de A Viagem e, em seguida, outra ponta em Cara & Coroa. Quando ainda gravava a novela de Antônio Calmon, Miriam foi convidada para um teste na Band. e recebeu uma proposta para atuar em O Campeão. Chamou o diretor Wolf Maya para conversar, pediu demissão e assinou com a concorrente. Na época, contracenou com Marília Pêra e Paulo Goulart. "Para eles pode ter sido péssimo, porque a novela dava traço no Ibope. Mas para mim foi excelente porque aprendi a fazer TV sem medo de errar. A gente quase não tinha visibilidade lá", diverte-se ela, que ainda continuou na emissora, no elenco de Perdidos de Amor.
Depois da Band, Miriam Freeland voltou para a Globo, mas no horário matinal. Fez parte do elenco da novelinha infantil Caça Talentos e, ao final da temporada, não pôde ser demitida porque descobriu estar grávida. Depois disso, a emissora "esqueceu" Miriam e a atriz continuou recebendo seu salário sem ser convocada para nenhum teste. Até que conseguiu participar da seleção para a Candoca, de O Cravo e a Rosa. "Eu sabia que o papel seria meu. Não quero desmerecer as atrizes que concorreram, mas estudei bem o texto, estava muito tranqüila e tinha uma filha para sustentar", valoriza. Quando foi aprovada, ainda causou muitas gargalhadas na equipe quando informou que já era contratada da casa. "Ninguém acreditava que eu tinha contrato e não estava sendo chamada nem para participações", brinca a atriz, que é da Record até 2009.
Instantâneas
# Miriam é casada com o diretor e ator Roberto Bomtempo, intérprete do travesti Docinho em Chamas da Vida, também da Record. Os dois têm a produtora Movimento Carioca, no Rio de Janeiro.
# Com a morte de Marta em Os Mutantes, Miriam já está praticamente confirmada no elenco de Vendetta, próxima novela de Lauro César Muniz para a Record.
# Miriam estréia em setembro o espetáculo Um Sopro de Vida, ao lado do marido. A primeira apresentação acontece no Festival Internacional de Teatro de Angra, em Angra dos Reis, no próximo dia 7.
# Em maio de 2009, Miriam estará no elenco de Mão na Luva, o seu primeiro longa-metragem.
Crédito: Terra
Matheus Logan
Depois de cerca de 80 capítulos no ar, Miriam acredita que seguiu o caminho certo. Principalmente porque, às vésperas da morte de sua personagem na novela, nesta semana, conseguiu o que acha fundamental para o desenrolar da história: acreditar na mensagem que é passada no ar. "A história é uma fantasia e tem uma velocidade enorme. Se os atores não passarem credibilidade ao texto, a novela não vai convencer o público", analisa. Por isso mesmo, Miriam fez questão de assistir à série Heroes, que também explora mutações genéticas em seres humanos na TV. E também 24 Horas e The Closer, ambas com temática policial. "Procurei encontrar meios de interpretar uma delegada forte e competente, mas que mantém sua feminilidade. Não queria fazer estilo 'Joãozinho', com cabelo curtinho", valoriza.
Com a pressa na época da escalação do elenco da novela, Miriam precisou começar a gravar na mesma semana em que recebeu o chamado da emissora. E, por isso mesmo, poucas eram as informações que já estavam certas sobre a personagem. A atriz então aproveitou a correria entre o fim de Caminhos do Coração e o início de Os Mutantes para sugerir ao diretor Alexandre Avancini e ao colega de cenas Petrônio Gontijo, intérprete do vilão Fredo, alguns pontos que não ficaram claros do histórico do núcleo do Depecom. "Achei que seria bacana criarmos um clima de passado entre a Marta e o Fredo, por exemplo. Até para justificar ainda mais a rivalidade dos dois", exemplifica. E, pelo que se pode ver no ar, a sugestão foi aceita inclusive pelo autor.
Em sua terceira novela na Record, ela assume que em nenhum outro trabalho da emissora teve tanto retorno de público. Basta sair da Ilha da Gigóia, onde mora, na Barra, Zona Oeste do Rio de Janeiro, para ouvir dos fãs expressões como "cuidado com os mutantes" ou até mesmo "isso é que é delegada", cantada que alguns telespectadores arriscam. Um comportamento que não era tão comum quando encarnou a inconformada Mila de Essas Mulheres ou a maquiavélica Ruth de Bicho do Mato. "O bacana é que agora as pessoas não me enxergam mais como a 'atriz da Globo'. O público sabe que estou na Record e assiste mesmo à novela", conta Miriam, que estourou como a doce Candoca de O Cravo e a Rosa, a professora Beatriz, de Esperança, e a revolucionária Pagu, da minissérie Um Só Coração.
Aos 15 anos de carreira, Miriam lamenta ainda não ter feito na TV um tipo que planeja experimentar em breve: o de uma suburbana. A atriz, que cresceu no Méier, Zona Norte carioca, acredita que os constantes trabalhos de época de seu currículo construíram uma imagem de requinte e elegância que, segundo Miriam, não fazem parte de seu cotidiano. "Parece que eu sou sofisticada, mas é puro fingimento. É só para convencer no ar", brinca. "Tenho muito orgulho de ter crescido no subúrbio. As sutilezas que essas áreas têm são riquíssimas para a construção de determinados personagens", completa, justificando porque espera mudar de ares na teledramaturgia.
Os Mutantes - Record - de segunda a sábado, às 20h40min.
Artista nata
Miriam se apaixonou por arte ainda pequena, nas aulas de balé. E, aos 10 anos, disse para a mãe que queria ser atriz. Desejo atendido, a menina foi matriculada no curso Tablado, no Rio de Janeiro, de onde só saiu para começar a trabalhar. Ela lembra até hoje do momento em que recebeu seu primeiro cachê por um espetáculo teatral. "Não era quase nada, mas fiquei tão feliz por ser paga para atuar. Funcionou como um estímulo para eu correr atrás de outras coisas", recorda.
Foi exatamente isso que ela fez. Depois de alguns testes na Globo, conseguiu um papel no elenco de apoio de A Viagem e, em seguida, outra ponta em Cara & Coroa. Quando ainda gravava a novela de Antônio Calmon, Miriam foi convidada para um teste na Band. e recebeu uma proposta para atuar em O Campeão. Chamou o diretor Wolf Maya para conversar, pediu demissão e assinou com a concorrente. Na época, contracenou com Marília Pêra e Paulo Goulart. "Para eles pode ter sido péssimo, porque a novela dava traço no Ibope. Mas para mim foi excelente porque aprendi a fazer TV sem medo de errar. A gente quase não tinha visibilidade lá", diverte-se ela, que ainda continuou na emissora, no elenco de Perdidos de Amor.
Depois da Band, Miriam Freeland voltou para a Globo, mas no horário matinal. Fez parte do elenco da novelinha infantil Caça Talentos e, ao final da temporada, não pôde ser demitida porque descobriu estar grávida. Depois disso, a emissora "esqueceu" Miriam e a atriz continuou recebendo seu salário sem ser convocada para nenhum teste. Até que conseguiu participar da seleção para a Candoca, de O Cravo e a Rosa. "Eu sabia que o papel seria meu. Não quero desmerecer as atrizes que concorreram, mas estudei bem o texto, estava muito tranqüila e tinha uma filha para sustentar", valoriza. Quando foi aprovada, ainda causou muitas gargalhadas na equipe quando informou que já era contratada da casa. "Ninguém acreditava que eu tinha contrato e não estava sendo chamada nem para participações", brinca a atriz, que é da Record até 2009.
Instantâneas
# Miriam é casada com o diretor e ator Roberto Bomtempo, intérprete do travesti Docinho em Chamas da Vida, também da Record. Os dois têm a produtora Movimento Carioca, no Rio de Janeiro.
# Com a morte de Marta em Os Mutantes, Miriam já está praticamente confirmada no elenco de Vendetta, próxima novela de Lauro César Muniz para a Record.
# Miriam estréia em setembro o espetáculo Um Sopro de Vida, ao lado do marido. A primeira apresentação acontece no Festival Internacional de Teatro de Angra, em Angra dos Reis, no próximo dia 7.
# Em maio de 2009, Miriam estará no elenco de Mão na Luva, o seu primeiro longa-metragem.
Crédito: Terra
Matheus Logan
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