segunda-feira, 5 de maio de 2008
Biografia de Paulo Nigro
Biografia de Paulo Nigro
Nasci numa família de descendência italiana e com eles aprendi a viver com alegria e entusiasmo. Cada instante que passamos juntos, daria uma longa história, mesclada a molho de tomate, conversa e muitas gargalhadas. Capisci...
Meu avô materno, o doutor Luiz, foi meu grande companheiro. Advogado brilhante e sensível, ele me ensinou a andar de helicóptero, pescar, jogar bola e acreditar no meu potencial. Cresci imaginando que estaríamos sempre juntos, dividindo as alegrias e tristezas.
Mas ele partiu deixando saudades e uma mensagem muito especial que jamais esquecerei: “Temos que caminhar com dignidade, passos fortes, mas sem pisar em ninguém". Hoje, esse é meu lema.
Minha infância foi das mais divertidas. Eu e minhas três irmãs Simone, Glenda e Jéssica crescemos num clima de harmonia e alto astral. Sempre fomos muito unidos, principalmente na bagunça. O maior "culpado" nesse quesito foi o senhor Paulo Nigro, meu paizão. Vocês não imaginam como o cara é um moleque. Prá falar a verdade, mesmo quando nos repreendia, eu sabia que, no fundo, ele se divertia com as nossas traquinagens. E olha que eu aprontava muito! Desde os quatro anos adorava destruir os ovos da geladeira e fazer a barba, que ainda nem existia, com creme dental e o barbeador dele. Prefiro nem me aprofundar no assunto...
Recebi tantos castigos e sermões da dona Gladys minha mãe e do meu pai que aprendi a controlar meus impulsos e me acalmar.
Na adolescência não tinha tempo para rebeldia. Depois do colégio, ocupava meus horários com desfiles e campanhas publicitárias famosas. O trabalho trouxe responsabilidade e me ajudou a amadurecer antes da hora. Nessa época, meu pai perdeu o emprego numa Multinacional. Lembro da cena como se fosse hoje. Nos reunimos na sala e conversamos abertamente sobre as mudanças que passaríamos dali para frente. As viagens de final de semana, brinquedos caros e todas as mordomias, a partir daquele momento, faziam parte do passado. Precisávamos arregaçar as mangas e ir à luta. E foi o que fizemos, sem nenhum trauma.
Meus pais abriram uma rotisserie e todos passamos a ajudá-los. Quando eu chegava da escola, pegava uma geladeira de isopor com sanduíches e sucos e saía para vender. De vez em quando, ficava distribuindo panfletos da nossa loja, nos faróis para aumentar a clientela. Essa união nos fez mais fortes e nos ensinou o valor do trabalho.
Em meio a essa loucura, decidi participar dos testes para a novela "Chiquititas", uma co-produção entre o SBT e a Telefé, emissora argentina. Quando cheguei em casa dizendo para minha mãe que havia passado, ela quase teve um piripaque. E não era para menos!
Dentre 3000 adolescentes, eu havia tirado a sorte grande e estava de viagem marcada para Buenos Aires para dali há alguns dias. Mais uma vez, nossa vida mudou de cabeça para baixo. Generosa como sempre, minha mãe apostou no meu talento e embarcou comigo nessa "aventura", sem saber ao certo o que nos esperava. Felizmente, o sucesso foi mais rápido do que imaginávamos. A novela virou uma mania nacional e meu personagem, o Júlio, encantou a garotada.
As visitas ao Brasil eram sempre emocionantes. Centenas de fãs nos recepcionavam no aeroporto, gritando os nossos nomes, cantando as nossas músicas. Posso dizer que tive momentos de glória. Apesar de atuar em campanhas publicitárias desde os dois anos e ter participado de projetos conhecidos como a novela "Colégio Brasil" (SBT-com direção de Roberto Talma) e da ópera Sóror Angélica, de Giaccomo Puccini (que ficou em cartaz no Teatro Municipal de São Paulo, com direção de Bia Lessa), foi através de Chiquititas que me tornei conhecido nacionalmente. E nunca esquecerei disso!
Por incrível que pareça, no auge da fama, recebendo mais de 500 cartas por semana e reportagens nas maiores revistas brasileiras, tinha meus momentos de solidão e tristeza. A minha vida não era perfeita como as fãs imaginavam. Se por um lado podia realizar o sonho de comprar um belo carro para a família e tantas outras coisas, por outro, não tinha tempo para mais nada... Passava horas e horas gravando, decorando texto, participando de programas de TV...e deixava de lado a família, amigos e até os momentos de lazer.
A saudade era minha maior inimiga. Quando batia forte, corria para o telefone e me debulhava em lágrimas, sem deixar ninguém perceber. Até que consegui comprar um computador e passei a me comunicar via Internet diariamente com minhas irmãs.
Morar um ano na Argentina foi uma experiência maravilhosa. Além de conhecer um outro estilo de direção, aprendi o idioma espanhol, a cultura e costumes. No colégio "Naciones Unidas", onde estudei, fiz muitos amigos com quem me correspondo esporadicamente.
Quando estávamos prestes a deixar o elenco da novela Chiquititas, eu e mais 10 colegas fomos convidados a montar o grupo musical "As Crianças Mais Amadas do Brasil". As promessas de sucesso e retorno financeiro, nos levaram a realizar 120 shows pelo Brasil. Conheci quase todos os Estados e fiz grandes amigos por onde passei. Além disso, o CD produzido por Michael Sullivan foi prestigiado por um milhão de pessoas que lotaram os estádios de futebol e casas noturnas. Uma verdadeira loucura! Até personalidades famosas como Gian e Givanne, Isabela Garcia, Maguila e Antonio Carlos Magalhães entre outros nos prestigiaram.
Divulgamos esse trabalho em diversos programas de TV como o Xuxa Park, Eliana e Alegria, Programa Livre e muitos outros. No início, parecia um sonho. Mas não foi bem assim... Enquanto nos tornávamos ainda mais populares, os problemas nos bastidores da fama nos incomodavam. Infelizmente, descobrimos que existem pessoas sem escrúpulos, que usam a imagem alheia em benefício próprio sem se abalar com os danos causados. Apesar de dolorosa, isso nos serviu como uma grande lição! Aprendemos a lidar com falsidade, egoísmo, arrogância e a enfrentar situações constrangedoras.
Depois de muita reflexão, decidimos que havia chegado o momento certo para nos separar e alçar vôo próprio. Na virada do Milênio, meus pais deram um novo rumo nas nossas vidas. Lançaram a "Ação Produções Artísticas", para cuidar de todos os meus interesses profissionais. Uma nova fase começa nesse instante.
Após essa verdadeira avalanche de problemas, voltei a fazer aulas de canto, violão, guitarra, kung-fu e dei um tempo para colocar a cabeça no lugar. Mal consegui relaxar e já surgiram novos desafios. O primeiro significativo foi uma participação em As Aventuras de Tiazinha, exibida pela Band.
O diretor Henrique Martins queria que eu deixasse a imagem de bonzinho para interpretar Burel, um líder de uma gang de rua. Apesar dos meus conhecimentos em artes marciais, levei um soco (de verdade) tão forte, que acabei caindo e cortei o braço. Os contratempos pareciam me colocar à prova.
No final das gravações, o Henrique Martins me surpreendeu ao elogiar meu desempenho. Quase não acreditei. Ele é um diretor extremamente sério e exigente. Voltei para casa com uma sensação de missão cumprida.
O melhor da história aconteceu dias depois, quando uma produtora da série pediu que eu gravasse, no dia seguinte, um episódio que estava atrasado. Recebi em casa o roteiro e tive poucas horas para decorá-lo. Desta vez, eu encarnaria Marcelo, um jovem que tinha a missão de destruir uma bruxa maquiavélica para viver em paz um grande amor. Ao lado de Susana Alves fiz novas cenas de ação. Desta vez, com tempo para conhecê-la melhor. Vocês não imaginam como a Susana é diferente longe da TV. É humilde, carinhosa e não tem esse ar sensual da Tiazinha.
Em meio a essas participações especiais, comecei a preparar um novo trabalho para engatar a carreira musical. Desta vez, sozinho. Enquanto entrava em estúdio para colocar a voz nas primeiras canções, recebi um novo convite: integrar o elenco fixo das Novas Aventuras de Tiazinha como seu braço direito. A série estava passando por muitas mudanças e o novo roteirista, Marcelo Rubens Paiva, queria lançar um galã na trama. A ficha demorou alguns minutos para cair... Eu era o escolhido! "Uhhhh, Tiazinha!". E foi a partir desse dia que muitas propostas bacanas surgiram.
Oito meses se passaram e com o final da série, voltei a pensar na carreira musical. Gravei um CD Demo com músicas em português e espanhol e de posse delas participei como convidado do Programa "Pontocom" exibido pela BandVale. Para minha surpresa após alguns dias passei a ser o apresentador deste programa, substituindo Raquel Romano. Mais uma vez aprendi muito e curti a bessa esta experiência.
O final do contrato de Pontocom coincidiu com o teste para o novo seriado da TV Cultura "Ilha Ra Tim Bum". Foram muitos dias, muitas avaliações e algum tempo depois já fazia parte de uma nova turma, a turma do Ilha.
Primeiramente gravamos as externas em Santos, Itatiaia, Angra dos Reis e Ubatuba. Depois, as cenas de estúdio e algumas externas no Horto Florestal de São Paulo. Durante o período de gravação vivi cenas de muita emoção e adrenalina. Escalei montanhas, enfrentei bichos, mata fechada, pilotei lancha e também o balão usado nas cenas finais do seriado em Boituva-SP. Para "temperar" tanta aventura fraturei o punho durante uma cena gravada em Ubatuba.
Mais uma vez tudo valeu a pena!
Com o término do meu contrato com a TV Cultura, gravei em Ilha Bela-SP o curta "Gastronomicidas" e algumas participações no sitcom "Meu Cunhado" a ser exibido pelo SBT.
Para minha surpresa um novo convite realizou um grande sonho. Durante o mês de fevereiro de 2003, filmei o longa metragem "O Martelo de Vulcano". Com direção de Eliana Fonseca, este filme co produzido pela TV Cultura e pela Teleimage, apresenta o maior numero de efeitos especiais já realizados no Brasil.
Curti a bessa filmar novas cenas de ação, luta e aventura.
Após este trabalho, filmei "Os 3 Clones", outro curta metragem rodado no interior de São Paulo. Desta vez, vivi 4 personagens totalmente distintos.
Em janeiro de 2003, mudei para o Rio de janeiro, para dar vida a “Murilo”, o campeão judoca, em Malhação.
Trabalhar na Rede Globo era um grande sonho, um grande passo e também uma enorme responsabilidade. A partir daí me dediquei exclusivamente a este trabalho. Passei a morar sozinho e voltei a sentir o gosto amargo da solidão. Entretanto tinha conseguido o que buscava e agradeço pelas duas temporadas que lá passei.
Em 2005, também tive grandes surpresas...viajei por São Paulo e Rio de Janeiro com a peça “Falou Amizade”, fazendo pela primeira vez no teatro um trabalho voltado ao público jovem. Pela primeira vez interpretei um dependente químico, confesso que não foi muito fácil....eu não bebo, não fumo e nunca tomei um porre, mas arranquei muitas gargalhadas das platéias por onde passamos.
Na seqüência filmei outro longa. “Mais Uma Vez Amor”. Vivi Rodrigo, o mesmo personagem de Dan Stulbach. Interpretei a fase adolescente de um virgem apaixonado...Mais uma vez senti minha veia cômica....
Em junho de 2005 consegui realizar outro sonho incrível. Ao lado de uma galera amiga fizemos uma super temporada em Portugal com o musical “Beijo na Boca” de Carlos Thiré. Os portugueses nos receberam de braços escancarados. A receptividade ao nosso trabalho foi emocionante. Aproveitei a maré boa e de Portugal segui a passeio para Espanha, França e Inglaterra.
Em janeiro de 2006, a convite de Dennis Carvalho, integrei o elenco da primeira minissérie da minha carreira. Vivi em “JK”, Luiz Felipe Cavallini, um jovem diplomata, politicamente correto. A estréia da minissérie em janeiro de 2006, mostrou um trabalho de qualidade como resultado de uma equipe super afinada.
Em maio do mesmo ano integrei o elenco de “Jovem Estudante Procura”, vivendo Gabriel, um garoto de programa. O texto deste trabalho rendeu para João Brandão o “Prêmio Coca Cola” de melhor autor.
Ainda em 2006 realizei o sonho que também é o de muitas crianças brasileiras. Filmei ao lado de Renato Aragão o longa “ O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”. Vivi meu primeiro “vilão cômico” e foi muito bom.
Entrei em 2007 com o pé direito e em cima de um grande palco...
Apesar da tensão apresentei o “Reveillon da Paulista” (SP) para 2 milhões de pessoas, isso mesmo...2 milhões de pessoas. A energia e a receptividade da galera só me fizeram bem.
Dia 2 de janeiro de 2007, já de volta ao Rio de Janeiro, curti ao lado de toda equipe o primeiro capítulo da minissérie “Amazônia- de Galvez a Chico Mendes”,a segunda da minha carreira. Através deste trabalho, Glória Perez, leva aos brasileiros a preocupação sobre o destino da Amazônia e o despertar da conscientização do preservar.
Para minha história profissional, Tavinho foi um marco, um divisor de águas.
Em Abril de 2007, em férias por Nova York, recebi da Record o convite para integrar o elenco da novela Caminhos do Coração. Antonio, um mutante romântico, sensível e adepto ao esporte me dá uma nova oportunicade de trabalho e a certeza de ter escolhido a profissão que me realiza.
Sei que novos desafios virão e eu certamente estarei pronto para aceitá-los.
Paulo Nigro
Matheus Logan
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