Nos últimos 30 anos, José Dumont narrou uma trama repleta de reviravoltas, incertezas, pequenas tragédias e inesperados momentos de glória. Muito além dos personagens que viveu em mais de 40 filmes, o ator paraibano de 57 anos dá a impressão de ter aceito um papel mais importante: o de intérprete da história recente do cinema brasileiro. “Sou um lanterninha privilegiado”, define, sem dar sinal de falsa modéstia. A identificação com as idas e vindas da produção nacional, porém, vai além da trajetória profissional, de marcos como ‘O Homem que Virou Suco’ e ‘A Hora da Estrela’. Ele próprio, bem-humorado, se assume como um reflexo de uma cinematografia inconstante. “Minha vida também tem altos e baixos. Sou uma pessoa cheia de quebra-molas”, admite.
É esse jogo de espelhos que está por trás da mostra José Dumont – O Homem que Virou Cinema!, que abre nesta terça-feira no Centro Cultural Banco do Brasil. Na multidão de personagens que defendeu, poucos carregam uma história de vida tão poderosa quanto a do próprio artista. Alfabetizado graças à sonoridade dos cordéis, Dumont descobriu o talento para a interpretação ao ler em voz alta o Novo Testamento para o avô e os amigos. Se enroscou com o teatro – mas preferiu juntar os trapos com o cinema. “Tenho uma paixão danada. Dizem que, antes de construirmos qualquer coisa, temos que criar nossa nação interior. O cinema me deu muito da minha formação humana, da minha formação de alma”, reconhece.
Quando fala em filmes, Dumont cita cineastas como o italiano Federico Fellini e o norte-americano Stanley Kubrick – além de Central do Brasil, 2001 – Uma Odisséia no Espaço e Cinema Paradiso. Parece não perder a fé numa arte que, por muito tempo, o tratou sem regalias. “ Com cinema, não dá para sobreviver. Quer dizer: eu sobrevivi. Mas fiz uns 44 filmes e, na verdade, não dava nem para morar, nem para comer. Nem celular eu conseguia comprar”, conta.
Diante dos 20 longas-metragens selecionados para a mostra do CCBB, paira a marca da perseverança. Como os tipos calejados de obras como Narradores de Javé e Abril Despedaçado, Dumont parece fadado a driblar dificuldades. Integrou sucessos da Embrafilme (como O Auto da Compadecida, dos Trapalhões), resistiu à crise do governo Collor e retornou como um nome respeitado por cineastas da chamada “retomada” da produção, em meados dos anos 1990.
No currículo, a presença de cineastas como Nelson Pereira dos Santos (Memórias do Cárcere) e Arnaldo Jabor (Tudo bem) indica a preferência por filmes autorais – durante a carreira, foi premiado com três Kikitos em Gramado e três Candangos no Festival de Brasília. Mas essa imagem não reflete, de todo, a frustração de Dumont com a televisão. “A televisão não me queria”, afirma. “Fiz coisas bacanas, mas eu era chamado eventualmente. Nunca tive um espaço fixo”, conta. Há três anos na Record, onde atua na novela Caminhos do Coração – Os Mutantes, Dumont diz ter superado essa fase acinzentada da carreira. “Eles me tratam muito bem, com muito respeito”, diz. “E a novela é bem cinematográfica. Me sinto fazendo cinema. É como fazer um filme a cada três dias”, compara.
Fontes: Divirta-se
Matheus Logan
É esse jogo de espelhos que está por trás da mostra José Dumont – O Homem que Virou Cinema!, que abre nesta terça-feira no Centro Cultural Banco do Brasil. Na multidão de personagens que defendeu, poucos carregam uma história de vida tão poderosa quanto a do próprio artista. Alfabetizado graças à sonoridade dos cordéis, Dumont descobriu o talento para a interpretação ao ler em voz alta o Novo Testamento para o avô e os amigos. Se enroscou com o teatro – mas preferiu juntar os trapos com o cinema. “Tenho uma paixão danada. Dizem que, antes de construirmos qualquer coisa, temos que criar nossa nação interior. O cinema me deu muito da minha formação humana, da minha formação de alma”, reconhece.
Quando fala em filmes, Dumont cita cineastas como o italiano Federico Fellini e o norte-americano Stanley Kubrick – além de Central do Brasil, 2001 – Uma Odisséia no Espaço e Cinema Paradiso. Parece não perder a fé numa arte que, por muito tempo, o tratou sem regalias. “ Com cinema, não dá para sobreviver. Quer dizer: eu sobrevivi. Mas fiz uns 44 filmes e, na verdade, não dava nem para morar, nem para comer. Nem celular eu conseguia comprar”, conta.
Diante dos 20 longas-metragens selecionados para a mostra do CCBB, paira a marca da perseverança. Como os tipos calejados de obras como Narradores de Javé e Abril Despedaçado, Dumont parece fadado a driblar dificuldades. Integrou sucessos da Embrafilme (como O Auto da Compadecida, dos Trapalhões), resistiu à crise do governo Collor e retornou como um nome respeitado por cineastas da chamada “retomada” da produção, em meados dos anos 1990.
No currículo, a presença de cineastas como Nelson Pereira dos Santos (Memórias do Cárcere) e Arnaldo Jabor (Tudo bem) indica a preferência por filmes autorais – durante a carreira, foi premiado com três Kikitos em Gramado e três Candangos no Festival de Brasília. Mas essa imagem não reflete, de todo, a frustração de Dumont com a televisão. “A televisão não me queria”, afirma. “Fiz coisas bacanas, mas eu era chamado eventualmente. Nunca tive um espaço fixo”, conta. Há três anos na Record, onde atua na novela Caminhos do Coração – Os Mutantes, Dumont diz ter superado essa fase acinzentada da carreira. “Eles me tratam muito bem, com muito respeito”, diz. “E a novela é bem cinematográfica. Me sinto fazendo cinema. É como fazer um filme a cada três dias”, compara.
Fontes: Divirta-se
Matheus Logan
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