quarta-feira, 2 de julho de 2008

História de Kaspar Hauser


Gaspar sinceramente é um mistério. Ninguém sabe de onde ele veio, quem ele é, de onde é a sua família. Engraçado que essa história se parece com a de Kaspar Hauser. Aliás a história de Kaspar Hauser foi que inspirou Tiago Santiago a escreve Gaspar, sabia? Não sabe qual é a história de Kaspar Hauser? Conheça a história de Kaspar Hauser aqui e agora!


Kaspar Hauser:
O dia 26 de maio de 1828 foi uma segunda-feira de Pentecostes. Por volta das 16:30 dois honrados mestres sapateiros da cidade de Nuremberg conversavam em frente à casa quando viram aproximar-se uma estranha criatura. Sem o saber, estavam entrando para a História como figurantes em um dos maiores mistérios do Mundo. Com passos vacilantes como os de um bebê, aproximou-se deles um jovem de aparência muito singular. Estava vestido com roupas grosseiras e botas enormes, tinha um aspecto manso e atônito, como sonâmbulo. Apenas dizia duas frases: “- Levar pra casa...” e “- Eu queria ser um cavaleiro como meu pai..” Quaisquer perguntas recebiam apenas essas respostas. Levado para a Torre para ser interrogado, começou a revelar as espantosas características que o fizeram uma lenda até hoje. Apesar de não saber falar, quando lhe deram um papel e lápis escreveu claramente em letras grandes o nome que seria o seu desde então: Kaspar Hauser. Adotado pela família do carcereiro, que tinha vários filhos, aprendeu a falar e pôde enfim revelar as bizarras circunstâncias de sua vida até então, que explicariam em parte os estranhos poderes que possuía. Por exemplo, sua sensibilidade aos estímulos sensoriais era tão intensa que podia identificar corretamente as cores na escuridão mais completa. Sob um pedaço de papel ele podia perceber perfeitamente objetos de metal e dizer o que eram e do que eram feitos. Durante o primeiro ano após sua chegada não sabia medir as distâncias nem avaliar a profundidade dos objetos. Seu olfato era tão aguçado e sua sensibilidade tão extrema que ficou embriagado quando abriram uma garrafa de champagne na sala onde estava. Apresentava dificuldade para caminhar porque, conforme relatou, nunca o tinha feito em toda a vida. Até o dia em que foi libertado e solto em Nuremberg tinha vivido em um recinto fechado, sem nunca ver ou ouvir ninguém. Na verdade, pensava que vivia só no mundo e a idéia de que houvessem outros seres no universo nunca lhe tinha ocorrido até o dia em que um homem entrou na cela, ensinou-o brutalmente a andar, ensinou-o a escrever o nome que não associou a si mesmo e que não saberia pronunciar. Até então seus únicos companheiros de universo tinham sido dois cavalinhos de pau. Por isso seus pés estavam cheios de bolhas quando chegou: os exames médicos comprovaram que se tratava de um ser humano que nunca tinha ficado em pé em toda a vida, completamente sem calos ou deformações de sapatos. Afora esses efeitos do cativeiro, sua constituição era absolutamente normal e sua inteligência nada possuía de errado, como supuseram a princípio. Pelo contrário, todos os que o conheceram, inclusive o famoso jurista von Feuerbach, ficaram surpresos pela capacidade de aprendizado que o jovem apresentava. Além disso, seus modos serenos e sua inocência de criança impressionavam a todos pela maneira direta e sincera que tinha de encarar as coisas. Acima de tudo, parecia viver em uma esfera de harmonia na qual tudo era contentamento. Era tão avesso à violência que não podia suportar a visão de um crucifixo, pois chorava de dor pelo que estavam fazendo ao pobre homem. Quando, um dia, mirando as estrelas, maravilhado, percebeu que tinha sido privado de tanta beleza por toda sua vida, chorou desesperadamente e desejou, pela primeira vez na vida que alguém sofresse: “- Esse homem que me prendeu deveria ficar dois dias inteiros preso para ver como isso é doloroso...” Foi o mais perto do ódio que jamais chegou. Sua presença acalmava os animais mais ariscos ou mais ferozes, mas foi perdendo essa característica quando começou a comer carne, coisa que antes não podia fazer de maneira alguma.

Por volta de julho de 1829 começou a queixar-se de dores de cabeça e começou a apresentar dificuldades de aprendizado. Em 17 de outubro desse ano, é atacado em casa por um homem encapuzado de preto, que o feriu na cabeça com um objeto contundente. Estranhamente, Kaspar não só sobrevive como fica curado das dores de cabeça, voltando a estudar como antes.

A essa altura já é um fenômeno público e, além de adotado pela cidade de Nuremberg, foi chamado de “Filho da Europa”, tamanho o carisma que possuía e a afeição que despertava em todos que o conheciam. Naturalmente, surgiram polêmicas e alguns detratores apareceram para tentar “desmascará-lo”, mas sua indiferença à fama e ao dinheiro o tornavam inatingível. De que poderia ser acusado esse jovem tranqüilo e inofensivo, a não ser de alienado? De fato, nunca apresentou instintos sexuais ou de qualquer outro tipo de interesse. Vivia em uma indiferença calma e amorosa que muito deveria aproximar-se da concepção budista de Nirvana. Cercado de pessoas que não o compreendiam como antes estivera cercado por paredes, Kaspar deixava-se viver saborosamente cada instante, em constante maravilha. Em 1831 passa a viver em Ansbach, sob a proteção do Dr. Meyer. Talvez seja relevante observar que o bom amigo Feuerbach morreu em circunstâncias muito misteriosas e que o referido Dr. Meyer providencia para que Kaspar seja recebido na comunidade religiosa em 20 de maio de 1832, em uma capela medieval pertencente à Ordem do Cisne, uma ordem militar bastante misteriosa. Em 14 de dezembro de 1833 Kaspar é chamado na rua por um homem encapuzado que diz que tem um presente para ele. Com uma longa faca abre-lhe o peito de um só golpe e foge em meio à chuva. Kaspar cambaleia até a casa do Dr. Meyer, que o faz voltar até o lugar do ataque, por julgar que é uma farsa do rapaz. Os médicos constataram que a punhalada tinha ferido o coração, um pulmão e o fígado, em um golpe brutal, de extraordinária violência. Em 17 de dezembro Kaspar morre, depois de terrível agonia, que suportou como um verdadeiro mártir. Nenhuma queixa, nenhuma palavra amarga poluiu seus últimos instantes.

Suas últimas palavras foram: “-Cansado, muito cansado: ainda tenho que fazer uma longa viagem...”

No local do ataque foi erguida, pouco tempo depois, uma coluna onde se lê: “Hic occultus occulto occiso est” (Aqui uma pessoa oculta foi morta por poderes ocultos). Em seu túmulo se lê: “HIC JACET CASPARUS HAUSER, AENIGMA SUI TEMPORIS, IGNOTA NATIVITAS, OCCULTA MORS. (Aqui jaz Kaspar Hauser, enigma de seu tempo. Nascimento desconhecido, morte oculta).

As investigações nunca apresentaram resultado. Sua origem nunca foi satisfatoriamente estabelecida. A hipótese mais provável é que ele fosse o príncipe herdeiro da dinastia de Baden, que reinava em Karlsruhe. Sua mãe seria Stéphanie Beauharmais, filha adotiva de Napoleão Bonaparte. Em 1924 foi encontrado um recinto secreto no castelo de Pilsach, a cerca de 40km de Nuremberg, correspondendo perfeitamente às descrições de Kaspar. Em 1982 reformas no castelo trouxeram à luz um cavalinho de madeira, igual em todos os detalhes aos que ele referiu.

Ainda assim, algumas perguntas nunca foram respondidas e provavelmente não o serão jamais. Por que Kaspar foi mantido preso e de forma tão complicada? Por que os algozes evitaram que aprendesse a falar e andar? Pelos cálculos, ele foi preso desde os 2 anos de idade, o que não poderia fazer dele uma testemunha. Por que não o mataram, simplesmente, como era comum na época? Por que o libertaram? Por que o mataram, já que provara ser completamente inofensivo? E, principalmente, será que os estranhos dons que possuía eram efeitos do cativeiro ou apenas a resposta para o fato de ter sobrevivido? Provavelmente nunca saberemos, mas ficará o seu exemplo, bem como as palavras de Feuerbach, perito em Criminologia, um homem que havia estudado as mentes mais cruéis de seu tempo: “....era uma alma repleta de bondade e suavidade infantis... em todo o sentido tão imaculada e pura como o reflexo da eternidade na alma de um anjo...”.



Uma matéria concedida pela leitora Alexandrina Oliveira

4 comentários:

Anônimo disse...

gente eh mto linda essa história, quase chorei.

Tomara que isso não aconteça com o Gaspar né? Donde será que ele veio?

Anônimo disse...

gostei dessa historia he mto linda...

Anônimo disse...

gostei dessa historia he mto linda...

Alexandrina Oliveira disse...

eu axo que ele era um mutante ou um et. rsrsrsrs