segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Biografia de Walmor Chagas

Walmor de Souza Chagas (Alegrete RS 1930). Ator, diretor e produtor. Homem de teatro de larga atuação, apontado como artista de indiscutíveis méritos, criador de personagens de grande impacto nos empreendimentos em que atua, entre eles o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro Cacilda Becker.

Inicia-se no Teatro do Estudante, em Porto Alegre, com Antígone, de Jean Anouilh, em 1948. Dirige e atua em Hedda Gabler, de Henrik Ibsen, 1949, surgindo como ator em Assim É...(Se lhe Parece), de Luigi Pirandello, 1950, e O Homem e as Armas, de Bernard Shaw, em 1951.

Muda-se para São Paulo em 1952 e, em conjunto com Ítalo Rossi, funda o Teatro das Segundas-Feiras, encenando Luta Até o Amanhecer, de Ugo Betti. A iniciativa repercute em sua contratação pelo Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, onde estréia em Assassinato a Domicílio, de Frederick Knott, com direção de Adolfo Celi, em 1954. Como ator destaca-se em Santa Marta Fabril S. A., de Abílio Pereira de Almeida e, numa surpreendente e provocativa performance, como o Mosca, de Volpone, encenação sofisticada de Ziembinski para o texto de Ben Jonson, em 1955.

Seguem-se as personagens Robert Dudley em Maria Stuart, de Schiller e o Dominique Revol em Os Filhos de Eduardo, de Marc-Gilbert Sauvajon, esta última com direção de Ruggero Jacobbi e Cacilda Becker, ambas também de 1955; um emocionante Orfeu em Eurídice, de Jean Anouilh, e um intenso Brick em Gata em Teto de Zinco Quente, de Tennessee Williams, encenação de Maurice Vaneau, em 1956. Seus últimos desempenhos na casa são: As Provas de Amor, de João Bethencourt, A Rainha e os Rebeldes, de Ugo Betti, e Adorável Júlia, de Marc-Gilbert Sauvajon, além da direção, com o elenco experimental da companhia, de Matar, de Paulo Hecker, atividades de 1957.

Ele, Cacilda Becker e Ziembinski juntam-se, no Rio de Janeiro, para fundar o Teatro Cacilda Becker, TCB, do qual é o sócio majoritário. Sob o comando artístico de Ziembinski, a nova companhia lança, em 1958, O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna. O desempenho de Walmor provoca grande empatia, e ele recebe o Prêmio Padre Ventura, do Círculo Independente de Críticos Teatrais.

Como o Edmund Tyrone de Jornada de um Longo Dia para Dentro da Noite, de Eugene O'Neill, alcança resultado considerado brilhante, em 1958. Walmor está nas montagens seguintes: Os Perigos da Pureza, de Hugh Mills, A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, e como João Grilo, em Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

O TCB radica-se, desde 1960, em São Paulo, sem Ziembinski, oferecendo ao público Virtude e Circunstância, de Clô Prado; Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto; e Em Moeda Corrente do País, de Abílio Pereira de Almeida, que é também a primeira direção de Walmor na empresa. Em 1961, participa de Raízes, de Arnold Wesker, com o diretor Antônio Abujamra; e Oscar, de Claude Magnier; e assume um espetáculo complexo, montando Rinocerontes, de Eugène Ionesco, dirigindo e interpretando. Em 1962, outra direção ambiciosa, a de A Visita da Velha Senhora, de Dürrenmatt, com Cacilda Becker e Sergio Cardoso capitaneando o afinado elenco. Volta a fazer sucesso com O Santo Milagroso, de Lauro César Muniz, e atuar em Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro, ambas em 1963. No ano seguinte, dirige e interpreta A Noite do Iguana, de Tennessee Williams.

Walmor e Cacilda são contratados por Maurice Vaneau, em 1965, para protagonizarem Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, de Edward Albee, elogiadíssimo desempenho do casal, consagrado pela crítica, provavelmente o ponto alto na sua carreira de ator. Sua criação merece expressivo destaque por parte do crítico Alberto D'Aversa: "Para ele podemos usar sem retórica os elogios de exceção, aqueles da total consagração. A interpretação de Walmor supera toda calculada ou generosa previsão; a melhor, talvez, até agora feita por um ator brasileiro, em tudo não nacional (...). Interpretação perfeita na solidez da estrutura e na riqueza de detalhes, total na participação finíssima e nas soluções que descobrem os abismos do texto psicológico, com uma precisão de excepcional felicidade. Vale, sozinho, o espetáculo".1

Inicia-se então uma atividade cheia de ressonâncias: um Centro de Estudos Teatrais, montado no apartamento do casal, aberto especialmente aos autores nacionais. Muitos textos censurados serão ali lidos e debatidos.

Após um texto tão dramático, o casal experimenta um divertissement, Isso Devia Ser Proibido, de Bráulio Pedroso e Walmor Chagas, em 1967, na direção de Gianni Ratto. Revelam, mais uma vez, invejável disposição cênica, repetindo o feito em Esperando Godot, de Samuel Beckett, hábil direção de Flávio Rangel em 1969, último desempenho de Cacilda Becker, vitimada por um aneurisma cerebral num intervalo do espetáculo.

Em 1969/1970 Walmor encarna Hamlet, de William Shakespeare, novo espetáculo de Flávio Rangel, sem repercussão maior.

O ator retorna a Porto Alegre, onde cria espetáculos baseados em textos poéticos, voltando ao Rio, em 1974. Em 1986, dirige e interpreta ao lado de Ítalo Rossi, no bem-sucedido Encontro com Fernando Pessoa.

Orienta sua carreira para a televisão e o cinema, onde alcança grande destaque, esporadicamente voltando ao palco em novos recitais poéticos. Em 1988, dedica-se a um novo projeto, ao inaugurar o belo Teatro Ziembinski, no Bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, preferentemente voltado para os jovens e exclusivamente para autores nacionais, hoje sob gestão da Prefeitura do Município.

Em 1999, está ao lado de Ítala Nandi, Camilla Amado, Luís de Lima e Tônia Carrero em Um Equilíbrio Delicado, de Edward Albee, direção de Eduardo Wotzik.

Sobre ele declara o crítico Yan Michalski: "Paixão pelo teatro é um óbvio denominador comum da trajetória de Walmor Chagas. Inegavelmente um dos atores mais talentosos de sua geração, dono de uma presença cênica singularmente sedutora e carismática, responsável por alguns desempenhos excepcionalmente lúcidos e criativos, ele construiu uma carreira relativamente irregular, na qual os pontos altos alternam-se com ausências e fases inseguras, e na qual as suas experiências como diretor, secundárias para a sua dimensão como artista, talvez tenham prejudicado, mais do que ajudado, o seu crescimento como ator. Mas essa carreira irregular - certamente muito marcada pelo seu convívio com Cacilda Becker - encontra uma coerência fundamental na constante pureza da sua devoção pelo ofício de ator".

Voltou à Globo para participar de: “Coração Alado”; “O Amor é Nosso”; “Avenida Paulista”; “Final Feliz”; “Eu Prometo”; “Vereda Tropical”; “Selva de Pedra”; “Mandala”; “O Pagador de Promessas;”; “Sex Appeal”; ”Sonho Meu”; “Salsa e Merengue”; “Esperança”; “ Os Maias”; “Mad Maria”, que aconteceu em 2005. Em 2006 esteve na novela "Pé na Jaca".

Além disso, é claro, Walmor Chagas sempre fez participações em filmes e peças de teatro, que é o seu berço.

Entre os prêmios que recebeu estão o Mambembe (1988), o Golfinho de Ouro (1990) e o Estácio de Sá (1990

Há mais de dez anos o ator Walmor Chagar mora em um sítio na cidade de Guaratinguetá (SP), na Serra da Mantiqueira. Eventualmente deixa seu refúgio para realizar algum trabalho que o empolgue verdadeiramente.

Em 2007, Walmor faz uma participação na novela "Caminhos do Coração" na Record e atua no longa-metragem "Valsa Para Bruno Stein".

Walmor Chagas, em 2008, está nas telas de cinema no filme "Bodas de Papel" e fez uma participação especial na novela "A Favorita", da Rede Globo.













Crédito: Itaú / Dramaturgia Brasileira
Matheus Logan

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