'Se você atirar, eu te mordo', avisa Taveira, personagem de Gabriel Braga Nunes, à Dra. Juli, que já foi papel de Ítala Nandi, mas agora aparece rejuvenescida na pele de Babi Xavier, depois de ingerir um tal elixir da juventude. A surpresa, a agilidade, os efeitos especiais caprichados e uma ausência total de medo do ridículo, que soa divertida demais na tela, fazem de Os Mutantes, a segunda fase de Caminhos do Coração, da Record, um fenômeno.
Enquanto a TV mundial perde audiência e se desdobra para fisgar o telespectador, a Record chacoalhou de vez o mercado na semana passada, quando resolveu partir para o ataque direto ao que o autor Tiago Santiago chama de 'caixa-forte da Globo': a novela das 9. Desde agosto, Caminhos do Coração era exibida às 22h30. No dia 2, entretanto, seu último capítulo, foi ao ar às 20h40, ao mesmo tempo em que a Globo estreava A Favorita. No tudo ou nada, fez 24 pontos, contra 35 da concorrente - o pior resultado da história da Globo numa estréia no horário.
Agora, toda prosa, Caminhos parte para uma saga de mais 200 capítulos, e se chama Os Mutantes. Novela com jeito de seriado, mistura alguns dos elementos mais marcantes da teledramaturgia tradicional brasileira aos que se vê de mais moderno na TV americana para contar uma história que não é exatamente original, mas parece inesgotável. Claro que a primeira coisa que vem à cabeça é a série americana Heroes, que também fala sobre seres modificados geneticamente que desenvolvem poderes especiais. Mas vá um pouco além, e se lembre dos X-Men das HQs de Stan Lee. É um sem-fim de referências, num caldeirão pop.
A Record investe R$ 200 mil por capítulo da novela, que ocupa dois grandes estúdios do Recnov, a central de produção da emissora em Vargem Grande, no Rio. Se é para comparar com os mutantes americanos, considere que lá eles estão na TV uma vez por semana, enquanto os nossos estão lutando e mordendo de segunda a sábado. 'Estamos desenvolvendo um know-how. No mundo inteiro, não há um produto como o nosso, com esse volume de produção. Os seriados americanos que têm efeitos elaborados de computação gráfica vão ao ar semanalmente, e têm uma frente de produção muito grande', diz o diretor Alexandre Avancini ao Estado. 'Nosso pessoal de computação gráfica tem dois dias para resolver os efeitos, enquanto um frame de O Homem de Ferro levou 36 horas para ser realizado.'
A questão também é convencer o telespectador a acreditar num produto que pode soar estranho aos noveleiros tradicionais, acostumados a um padrão de pelo menos 30 anos. 'Não bastam os efeitos, precisa de um trabalho especial do ator para dar certo', observa André di Biase (Aristóteles), que há 20 anos fazia história no também inovador Armação Ilimitada, da Globo. 'Os atores aprendem a atuar naquilo que os americanos fazem bem. É diferente da dramaturgia tradicional. Você tem de falar coisas absurdas de um jeito natural.'
André se refere a falas do tipo 'os hospitais estão lotados por causa dos ataques desses mutantes e da epidemia de dengue' - realismo fantástico na veia. Com 75 personagens no ar, Os Mutantes aproveita atores veteranos que vieram da concorrência, como Sebastião Vasconcelos (Mauro), José Dumont (Teófilo) e Patrícia Travassos (Irma), e dá chance para novas caras, como Marcos Pitombo, (Valente, o depositário do 'grande mistério' desta temporada), Julianne Trevisol (Gór), e até mesmo a ex-miss Natália Guimarães (Ariadne).
São todos lindos e beneficiados por uma fotografia que foge da luz dura, marca das produções globais. É um pessoal que está aprendendo ao mesmo tempo que faz (a Record planeja criar uma escola de atores). E que tem a estrutura da novela a seu favor. Certo mutante fala como se estivesse num jogral porque o ator é inexperiente? Ou será que ele fala assim porque é um mutante nada acostumado ao contato com humano? Pouco importa, no universo mutante brasileiro não há limites.
Enquanto a TV mundial perde audiência e se desdobra para fisgar o telespectador, a Record chacoalhou de vez o mercado na semana passada, quando resolveu partir para o ataque direto ao que o autor Tiago Santiago chama de 'caixa-forte da Globo': a novela das 9. Desde agosto, Caminhos do Coração era exibida às 22h30. No dia 2, entretanto, seu último capítulo, foi ao ar às 20h40, ao mesmo tempo em que a Globo estreava A Favorita. No tudo ou nada, fez 24 pontos, contra 35 da concorrente - o pior resultado da história da Globo numa estréia no horário.
Agora, toda prosa, Caminhos parte para uma saga de mais 200 capítulos, e se chama Os Mutantes. Novela com jeito de seriado, mistura alguns dos elementos mais marcantes da teledramaturgia tradicional brasileira aos que se vê de mais moderno na TV americana para contar uma história que não é exatamente original, mas parece inesgotável. Claro que a primeira coisa que vem à cabeça é a série americana Heroes, que também fala sobre seres modificados geneticamente que desenvolvem poderes especiais. Mas vá um pouco além, e se lembre dos X-Men das HQs de Stan Lee. É um sem-fim de referências, num caldeirão pop.
A Record investe R$ 200 mil por capítulo da novela, que ocupa dois grandes estúdios do Recnov, a central de produção da emissora em Vargem Grande, no Rio. Se é para comparar com os mutantes americanos, considere que lá eles estão na TV uma vez por semana, enquanto os nossos estão lutando e mordendo de segunda a sábado. 'Estamos desenvolvendo um know-how. No mundo inteiro, não há um produto como o nosso, com esse volume de produção. Os seriados americanos que têm efeitos elaborados de computação gráfica vão ao ar semanalmente, e têm uma frente de produção muito grande', diz o diretor Alexandre Avancini ao Estado. 'Nosso pessoal de computação gráfica tem dois dias para resolver os efeitos, enquanto um frame de O Homem de Ferro levou 36 horas para ser realizado.'
A questão também é convencer o telespectador a acreditar num produto que pode soar estranho aos noveleiros tradicionais, acostumados a um padrão de pelo menos 30 anos. 'Não bastam os efeitos, precisa de um trabalho especial do ator para dar certo', observa André di Biase (Aristóteles), que há 20 anos fazia história no também inovador Armação Ilimitada, da Globo. 'Os atores aprendem a atuar naquilo que os americanos fazem bem. É diferente da dramaturgia tradicional. Você tem de falar coisas absurdas de um jeito natural.'
André se refere a falas do tipo 'os hospitais estão lotados por causa dos ataques desses mutantes e da epidemia de dengue' - realismo fantástico na veia. Com 75 personagens no ar, Os Mutantes aproveita atores veteranos que vieram da concorrência, como Sebastião Vasconcelos (Mauro), José Dumont (Teófilo) e Patrícia Travassos (Irma), e dá chance para novas caras, como Marcos Pitombo, (Valente, o depositário do 'grande mistério' desta temporada), Julianne Trevisol (Gór), e até mesmo a ex-miss Natália Guimarães (Ariadne).
São todos lindos e beneficiados por uma fotografia que foge da luz dura, marca das produções globais. É um pessoal que está aprendendo ao mesmo tempo que faz (a Record planeja criar uma escola de atores). E que tem a estrutura da novela a seu favor. Certo mutante fala como se estivesse num jogral porque o ator é inexperiente? Ou será que ele fala assim porque é um mutante nada acostumado ao contato com humano? Pouco importa, no universo mutante brasileiro não há limites.
Fontes: Estado de São Paulo
Matheus Logan
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