CENA 16. CORREDOR. CELAS. INT. DIA
JÚLIA E TAVEIRA CHEGAM EM FRENTE A UMA NOVA CELA.
DRA JÚLIA — Vou lhe mostrar agora um grande segredo.
TAVEIRA — E que segredo é este?
DRA JÚLIA — É a cela de Mariana.
TAVEIRA — (ESPANTADO) Mariana Mayer? A mãe da Maria? A verdadeira? A legítima?
DRA JÚLIA — Exatamente...
JÚLIA DIGITA 0051 E A CELA SE ABRE.
JÚLIA E TAVEIRA ENTRAM.
CORTA PARA
CENA 17. CORREDOR. CELA DE MARIANA. INT. DIA
OBS.CENOGRAFIA: É A MESMA CELA DE EUGÊNIO, SÓ QUE ESTA TEM LIVROS, LIVROS E MAIS LIVROS, PILHAS DELES, E UMA POLTRONA, COM LUZ, ONDE MARIANA LÊ, NO CONTRALUZ, SEM QUE VEJAMOS AINDA COMPLETAMENTE SEU ROSTO.
JÚLIA E TAVEIRA ENTRAM NA CELA.
DRA JÚLIA — Mariana...
MARIANA SE VOLTA PARA JÚLIA, EM SILÊNCIO, COM MUITO MEDO.
SÓ AGORA VEMOS O ROSTO DE MARIANA, APAVORADA.
DRA JÚLIA — Trouxe visita.
TAVEIRA SORRI.
INSERIR EFEITO: DENTES DE TAVEIRA CRESCEM.
NO ROSTO DE MARIANA, EM LÁGRIMAS, APAVORADA COM O QUE VAI LHE ACONTECER,
CORTA PARA
JÚLIA E TAVEIRA ENTRAM NA CELA.
DRA JÚLIA — Mariana...
MARIANA SE VOLTA PARA JÚLIA, EM SILÊNCIO, COM MUITO MEDO.
SÓ AGORA VEMOS O ROSTO DE MARIANA, APAVORADA.
DRA JÚLIA — Trouxe visita.
TAVEIRA SORRI.
INSERIR EFEITO: DENTES DE TAVEIRA CRESCEM.
NO ROSTO DE MARIANA, EM LÁGRIMAS, APAVORADA COM O QUE VAI LHE ACONTECER,
CORTA PARA
CENA DE ARQUIVO. ILHA. EXT. DIA
CENA 19. CORREDOR. CELA DE MARIANA. INT. DIA
CONT. IMEDIATA DA CENA 17. MARIANA OLHA COM MEDO PARA TAVEIRA E JÚLIA.
TAVEIRA — Posso sentir o cheiro do seu medo.
MARIANA — É uma reação instintiva. Na verdade, já transcendi por causa do sofrimento.
DRA JÚLIA — Como assim transcendeu?
MARIANA — Descobri o significado do que é ser mutante, Júlia, durante todos esses trinta anos que você me deixou presa aqui nesta cela!
TAVEIRA — E o que é ser mutante, no seu ponto de vista, dona Mariana Mayer?...
MARIANA — É saber que tudo é mutante. A vida é mutante. O tempo é mutante. Tudo muda o tempo todo.
TAVEIRA — É verdade. Tudo muda... mas nem todos os seres têm o DNA geneticamente modificado... Nem todos podem ser chamados de mutantes...
DRA JÚLIA — Você, por exemplo, é completamente humana, Mariana...
MARIANA — Sim. E tenho orgulho disso.
DRA JÚLIA — Frágil.
TAVEIRA — Quantos livros! Já leu tudo isso?
MARIANA — Sim. Leio e releio. Durante anos, eu li... Não pude fazer nada nesta cela além de ler... E lendo, eu também mudei... Encontrei a minha paz... No começo, eu era só revolta... Depois aprendi o valor da aceitação...
DRA JÚLIA — Ah! Você sempre quis se sentir superior a mim, Mariana... desde que nós éramos jovens, muito jovens... Você achou que tinha roubado o Sócrates de mim!
SONORIZAÇÃO: SUBLINHA.
DRA JÚLIA — Achou que ia me impedir de continuar minhas experiências com mutações genéticas... E olhe o que aconteceu com você... Passou o resto da vida nesta cela, encarcerada! Uma vida na prisão perpétua!
MARIANA — Aproveitei meu tempo para ler... para orar... para estudar... para meditar... para a contemplação... Através da leitura, viajei pelo mundo, por outras galáxias, por outras épocas. Participei como leitora da história do universo, do mundo, da humanidade... Mudei muito... Ao mudar, eu aprendi o valor do bem, do amor, da paz, do perdão e deixei pra trás o mal, o ódio, a violência e a vingança. Mudar é bom, quando é pra melhor, Júlia...
DRA JÚLIA — Você acha mesmo que transcendeu? Que encontrou a iluminação espiritual? Hmph! Você não tem idéia! Mesmo encarcerada todos estes anos, seu orgulho não diminuiu nada, não é, Mariana?
MARIANA — O que não diminuiu foi seu ódio por mim, Júlia! Você pode ter prendido meu corpo aqui, durante toda a vida, mas aprendi a voar com a minha mente. Meu pensamento é livre, Júlia. Tudo muda sempre, até porque não tem outro jeito. A vida não pára, o tempo não pára, o universo é mutante. Um dia eu sei que vou deixar esta prisão. Mesmo que seja no dia da minha morte.
DRA JÚLIA — Você disfarça seu ódio porque quer ser superior a mim. Vou lhe mostrar.
JÚLIA PEGA BASTÃO ELÉTRICO E AVANÇA.
INSERIR EFEITO: JÚLIA DÁ CHOQUE EM MARIANA.
MARIANA GRITA, CAI SOBRE LEITO.
MARIANA — Você não pode me causar mais dor do que causou quando me separou das minhas filhas!
TAVEIRA — Quer que eu a transforme numa vampira?
DRA JÚLIA — Não. Isso poderia dar a ela força, agilidade, sobrevida... Prefiro deixá-la, abandoná-la... para morrer de fome... e de sede... Não vamos levá-la. Vai ficar presa aí, sem comida, sem água, até morrer! Ou então... quem sabe? Posso aumentar a voltagem e matá-la agora!
INSERIR EFEITO: JÚLIA DÁ OUTRO CHOQUE EM MARIANA, QUE GRITA DE DOR.
TAVEIRA — (SORRI) Júlia, como você é má!
MARIANA — Pode me fazer sentir dor, Júlia. Até na dor é possível encontrar sabedoria. Não vou sentir sempre a dor. Tudo isso vai passar.
DRA JÚLIA — Vai mesmo, Mariana. Chegou a hora da nossa despedida! Nunca mais vamos nos ver nesta vida!
INSERIR EFEITO: JÚLIA DÁ OUTRO CHOQUE EM MARIANA, QUE GRITA DE DOR.
CORTA PARA
TAVEIRA — Posso sentir o cheiro do seu medo.
MARIANA — É uma reação instintiva. Na verdade, já transcendi por causa do sofrimento.
DRA JÚLIA — Como assim transcendeu?
MARIANA — Descobri o significado do que é ser mutante, Júlia, durante todos esses trinta anos que você me deixou presa aqui nesta cela!
TAVEIRA — E o que é ser mutante, no seu ponto de vista, dona Mariana Mayer?...
MARIANA — É saber que tudo é mutante. A vida é mutante. O tempo é mutante. Tudo muda o tempo todo.
TAVEIRA — É verdade. Tudo muda... mas nem todos os seres têm o DNA geneticamente modificado... Nem todos podem ser chamados de mutantes...
DRA JÚLIA — Você, por exemplo, é completamente humana, Mariana...
MARIANA — Sim. E tenho orgulho disso.
DRA JÚLIA — Frágil.
TAVEIRA — Quantos livros! Já leu tudo isso?
MARIANA — Sim. Leio e releio. Durante anos, eu li... Não pude fazer nada nesta cela além de ler... E lendo, eu também mudei... Encontrei a minha paz... No começo, eu era só revolta... Depois aprendi o valor da aceitação...
DRA JÚLIA — Ah! Você sempre quis se sentir superior a mim, Mariana... desde que nós éramos jovens, muito jovens... Você achou que tinha roubado o Sócrates de mim!
SONORIZAÇÃO: SUBLINHA.
DRA JÚLIA — Achou que ia me impedir de continuar minhas experiências com mutações genéticas... E olhe o que aconteceu com você... Passou o resto da vida nesta cela, encarcerada! Uma vida na prisão perpétua!
MARIANA — Aproveitei meu tempo para ler... para orar... para estudar... para meditar... para a contemplação... Através da leitura, viajei pelo mundo, por outras galáxias, por outras épocas. Participei como leitora da história do universo, do mundo, da humanidade... Mudei muito... Ao mudar, eu aprendi o valor do bem, do amor, da paz, do perdão e deixei pra trás o mal, o ódio, a violência e a vingança. Mudar é bom, quando é pra melhor, Júlia...
DRA JÚLIA — Você acha mesmo que transcendeu? Que encontrou a iluminação espiritual? Hmph! Você não tem idéia! Mesmo encarcerada todos estes anos, seu orgulho não diminuiu nada, não é, Mariana?
MARIANA — O que não diminuiu foi seu ódio por mim, Júlia! Você pode ter prendido meu corpo aqui, durante toda a vida, mas aprendi a voar com a minha mente. Meu pensamento é livre, Júlia. Tudo muda sempre, até porque não tem outro jeito. A vida não pára, o tempo não pára, o universo é mutante. Um dia eu sei que vou deixar esta prisão. Mesmo que seja no dia da minha morte.
DRA JÚLIA — Você disfarça seu ódio porque quer ser superior a mim. Vou lhe mostrar.
JÚLIA PEGA BASTÃO ELÉTRICO E AVANÇA.
INSERIR EFEITO: JÚLIA DÁ CHOQUE EM MARIANA.
MARIANA GRITA, CAI SOBRE LEITO.
MARIANA — Você não pode me causar mais dor do que causou quando me separou das minhas filhas!
TAVEIRA — Quer que eu a transforme numa vampira?
DRA JÚLIA — Não. Isso poderia dar a ela força, agilidade, sobrevida... Prefiro deixá-la, abandoná-la... para morrer de fome... e de sede... Não vamos levá-la. Vai ficar presa aí, sem comida, sem água, até morrer! Ou então... quem sabe? Posso aumentar a voltagem e matá-la agora!
INSERIR EFEITO: JÚLIA DÁ OUTRO CHOQUE EM MARIANA, QUE GRITA DE DOR.
TAVEIRA — (SORRI) Júlia, como você é má!
MARIANA — Pode me fazer sentir dor, Júlia. Até na dor é possível encontrar sabedoria. Não vou sentir sempre a dor. Tudo isso vai passar.
DRA JÚLIA — Vai mesmo, Mariana. Chegou a hora da nossa despedida! Nunca mais vamos nos ver nesta vida!
INSERIR EFEITO: JÚLIA DÁ OUTRO CHOQUE EM MARIANA, QUE GRITA DE DOR.
CORTA PARA
Fontes: Tiago Santiago
Matheus Logan
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